Fábio Góis
Ficou para amanhã a reunião da bancada petista no Senado para discutir a situação do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), frente à crise institucional que põe em risco a permanência do peemedebista no posto. O adiamento foi confirmado pelo senador Eduardo Suplicy (SP), um dos cinco petistas contrários à orientação presidente Lula em apoiar Sarney, que é um dos principais aliados do Planalto no Parlamento. Em discurso proferido há pouco em plenário, o líder do PT, Alozio Mercadante (SP), disse que os colegas Ideli Salvatti (SC), líder do governo no Congresso, e Delcídio Amaral (MS) não poderiam comparecer à reunião, o que motivou o adiamento.
Até o momento, cinco senadores do PT entendem que o afastamento temporário de Sarney é a melhor solução para minimizar a crise, que perdura desde que o peemedebista tomou posse pela terceira vez, em fevereiro deste ano. Além de Suplicy, Marina Silva (AC), Paulo Paim (RS), Flávio Arns (PR) e Tião Viana (AC), candidato do partido derrotado por Sarney na eleição daqueles mês, consideram que o afastamento evitaria ataques à base aliada e manteria a isenção das investigações em curso na Casa.
Já Lula acredita que, com Sarney fora da presidência, a governabilidade no Congresso estaria comprometida, uma vez que o Senado – onde o equilíbrio de forças entre governo e oposição é maior – passaria a ser comandado por um adversário do governo, o vice-presidente Marconi Perillo (PSDB-GO). Se Sarney se licenciar posto, Marconi assume por tempo indeterminado, uma vez que o regimento interno não prevê afastamento do presidente, apenas renúncia. Nesse caso, Perillo tem cinco dias de prazo para promover novas eleições para o posto, cujo nome seria definido pelo plenário.
Enquanto o PT não firma sua posição, um grupo suprapartidário de senadores está articulando a apresentação de requerimento contra Sarney por quebra de decoro parlamentar. Com os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Cristovam Buarque (PDT-DF) à frente, uma reunião está prevista para as 18h de hoje (terça, 7), e deve reunir parlamentares que apresentaram à presidência, em 18 de junho, um conjunto de sugestões de reformulação administrativa do Senado.
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