O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse há pouco que o senador Tião Viana (PT-AC) o procurou para sugerir uma conversa da bancada tucana com o presidente Lula sobre a questão das escutas telefônicas clandestinas. Segundo Virgílio, a idéia de Tião – uma das autoridades que tiveram o telefone clandestinamente interceptado, de acordo com matéria da revista Veja – é um diálogo em nível “institucional” para debater a crise, que levou ao afastamento temporário da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Virgílio respondeu a Tião que teria o “maior prazer” em levar a sugestão para o debate com a bancada no Senado. No entanto, um convite formal teria de ser encaminhado pelo presidente Lula ao partido. Como a sugestão partiu de Tião, e Virgílio teria sentido que Lula sequer sabia da intenção de seu colega, o tucano disse que ainda não fez “sondagem” entre seus pares.
“O tema merece que o PSDB não o despreze. Não me furto a conversar, desde que seja uma conversa séria”, disse Virgílio, para quem a crise dos grampos põe em jogo a própria democracia. “Acho que não se pode jogar fora uma conversa sobre a coisa mais grave que aconteceu no governo Lula. Mais que o mensalão.”
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Parada gay
No início desta semana, Tião Viana procurou Virgílio para manifestar sua preocupação com a falta de privacidade que as escutas clandestinas trouxeram à administração pública. Segundo o tucano, Tião se sente “desrespeitado” com a situação – o que o motivou a sugerir a conversa supracitada.
Tião teria dito que o momento é propício para um debate mais aprofundado e conciliador sobre o assunto, “sem radicalização”, como apontou Virgílio, e com viés institucional. Nesse sentido, o tucano disse acreditar que o clima de confronto “é coisa que não interessa a ninguém”.
O senador lembrou que, em plena vigência do regime ditatorial, o “Senhor Constituinte” Ulisses Guimarães e o ex-presidente Tancredo Neves dialogavam, em momentos de crise, com o general Golbery do Couto e Silva – considerado o estrategista político do militarismo, até o mandato de João Batista Figueiredo. Virgílio destacou que não quer “enfrentamento” com ninguém.
Diante da hipótese de que Virgílio poderia sair da reunião com uma mentalidade mais alinhada às posições do governo, o tucano surpreendeu ao dizer que já foi a uma manifestação gay e voltou “com tudo no lugar”. “Eu vou a um lugar e volto o mesmo. Já fui a uma parada gay em Manaus e voltei igualzinho, como eu sempre fui”, comparou o tucano, acrescentando que, dependendo do comportamento do Planalto nos próximos dias, "a coisa pode até evoluir". (Fábio Góis)
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