Embora o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tenha dito que não teme a investigação sobre o possível favorecimento de aliados políticos na distribuição das verbas de publicidade da Nossa Caixa, o seu partido barrou ontem propostas feitas pelo PT para apurar o assunto.
Matéria publicada domingo pela Folha revelou que recursos da estatal paulista foram usados para financiar veículos de comunicação ligados aos deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Bispo Gê (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
Segundo o ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, Jaime de Casto Júnior, “houve atendimentos a solicitações de patrocínio e mídia, de deputados estaduais da base aliada, nas ocasiões de votação de projetos importantes para o governo do estado”.
Em reunião ontem à tarde na Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa, o deputado petista Renato Simões apresentou dois requerimentos para apurar a questão. O primeiro deles, pedindo a convocação de várias pessoas envolvidas no caso. O outro, solicitando uma auditoria especial do Tribunal de Contas do Estado na Nossa Caixa.
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A bancada tucana impediu, no entanto, que as duas propostas fossem votadas. “Foi ela (a Nossa Caixa) quem comunicou ao Tribunal de Contas, abriu a sindicância, apurou, puniu. Não tem nenhum problema que a Assembléia investigue, chame as pessoas, abra CPI. O governo é totalmente transparente”, havia dito Alckmin mais cedo.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB) pediu vistas do primeiro pedido, e, em razão da ausência de parlamentares ligados ao governador, faltou quórum para votar o segundo requerimento.
A comissão pode voltar a se reunir na sexta-feira para apreciar os dois requerimentos, mas os tucanos não parecem dispostos a permitir sua aprovação.
“Fui informado que o governo já tomou providências para investigar o caso, que o próprio governo já apurou. Como eu tinha essa visão, pedi vistas para averiguar o assunto e buscar mais dados. Amanhã, eu vou falar com o líder do governo e pedir essas informações para tomar posição. Agora, o que não pode acontecer é fazer disso um palanque político”, disse o deputado Vanderlei Macris, segundo matéria da Folha Online assinada pelo repórter Epaminondas Neto.
O PT, que tem apenas dois dos nove integrantes da Comissão de Finanças, espera obter o apoio do PMDB e do PFL para aprovar os requerimentos.
Pefelista acusa Alckmin no caso Nossa Caixa
O deputado estadual Afanasio Jazadiji, vice-líder do PFL na Assembléia Legislativa de São Paulo, colocou mais pimenta no episódio sobre a liberação de recursos da Nossa Caixa para favorecer veículos mantidos ou indicados por deputados estaduais da base aliada.
Anteontem, ele afirmou que recebeu do próprio governador de São Paulo uma proposta de repasse de recursos publicitários da Nossa Caixa para que o parlamentar deixasse de criticar o governo estadual. O pefelista não disse com precisão quando recebeu essa proposta.
Ao saber das declarações de Jazadiji, Alckmin reagiu com irritação. “Ele nem esteve comigo. E Afanasio Jazadiji é da oposição, faz oposição 24 horas por dia. Estranho, né? O governo está beneficiando a oposição?”, perguntou.
O envolvimento de Jazadiji no caso seu deu porque ele foi citado numa troca de correspondências eletrônicas entre um funcionário da Nossa Caixa e o presidente de uma agência de publicidade. A intenção seria liberar dinheiro da estatal para “acalmar” o parlamentar. Jazadiji informou que se recusou a participar da distribuição de verbas.
“Eu teria ajuda desde que deixasse de criticar os secretários da Segurança Pública, da Administração Penitenciária e da Educação nos meus programas de rádio e da TV”, afirmou.
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