As lideranças do PSDB e do DEM na Câmara anunciaram, nesta sexta-feira (4), que vão entrar com representação no Conselho de Ética contra o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), por quebra de decoro parlamentar. O deputado viajou em jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, sob a suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.
“A cada dia surgem mais elementos que comprovam a ligação dele com o doleiro preso. E a explicação que deu não convenceu. É uma situação extremamente grave, que expõe e desmoraliza o Parlamento”, afirma o vice-líder do PSDB, Nilson Leitão (MT).
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o doleiro pediu ajuda a André Vargas numa sondagem sobre eventuais contratos do laboratório Química Fina e Biotecnologia (Labogen) com o governo federal.
Os oposicionistas alegam que o petista não foi convincente ao negar que soubesse dos negócios do doleiro, de quem se diz amigo há 20 anos. Na representação que será protocolada no início da próxima semana, o PSDB e o DEM vão sustentar que o uso da aeronave pode configurar recebimento de vantagem indevida, procedimento incompatível com o decoro parlamentar e punível com a perda do mandato.
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Ontem (3), o líder do Psol na Câmara, Ivan Valente (SP), pediu ao presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) que acionasse a Corregedoria para investigar a conduta de André Vargas, “em nome da transparência e da imagem pública do Parlamento”.
Imprudência
Na quarta-feira (2), o vice-presidente da Câmara discursou em plenário para tentar explicar o episódio, revelado pela Folha de S. Paulo. Youssef foi preso pela Operação Lava-Jato.
Em seu discurso de defesa, o deputado negou saber dos negócios do amigo e afirmou que foi “imprudente” ao voar, durante as férias, para João Pessoa, em um jatinho do doleiro. “Claro que, com relação ao avião, eu reconheço, fui imprudente. Foi um equívoco, deveria ter evitado. Peço desculpas aqui e à minha família”, declarou.
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