Mário Coelho
Deputados da base aliada ao governador José Roberto Arruda (sem partido) e da oposição abriram uma guerra nesta segunda-feira (11) pelo comando da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Enquanto o PT protocolou um requerimento pela saída do atual presidente, Leonardo Prudente (sem partido), 11 distritais governistas pediram formalmente que o vice-presidente da Casa, Cabo Patrício (PT) seja retirado do cargo.
O requerimento pedindo a saída de Prudente foi assinado pelo quatro deputados do PT e pelo pedetista José Antônio Reguffe. Ele solicita o afastamento durante o período da convocação extraordinária e até que sejam concluídos todos os processos relativos aos crime de responsabilidade que Arruda enfrenta na Câmara. Caso fosse afastado, ele teria que esperar também o término dos trabalhos da CPI da Corrupção, instalada hoje, e do encerramento dos processos por quebra de decoro parlamentar.
Prudente é um dos oito parlamentares que enfrenta um processo por conta do mensalão do Arruda. Ele foi flagrado em gravação de vídeo recebendo propina das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa. Por “não usar pasta”, Prudente colocou o dinheiro nas meias e nos bolsos do paletó. Além disso, outro vídeo mostra ele, Júnior Brunelli (PSC) e Durval rezando. A oração pedia proteção ao ex-secretário de Relações Institucionais.
O PT prometia a entrega do requerimento desde a última sexta-feira (8). Em reunião de bancada, os petistas definiram encaminhar ao plenário da Câmara a decisão sobre a permanência de Prudente no cargo. Em reunião com portas fechadas na manhã desta segunda, o assunto voltou à tona. Porém, os governistas decidiram reagir. E pediram a saída de Cabo Patrício da vice-presidência.
Se Patrício tivesse “um gesto de grandeza”, como os governistas disseram, Prudente também se afastaria até o término das investigações. O problema é que o “gesto de grandeza” de Patrício deixa a Câmara nas mãos de um outro aliado de Arruda, o primeiro secretário da Câmara, Wilson Lima (PR). Lima, inclusive, chegou a pedir que Patrício se afastasse. O petista não aceitou. Ele também responde a um processo por quebra de decoro parlamentar. O documento pede que Patrício seja punido por conta da invasão feita por estudantes na Câmara e por um projeto que, segundo reportagem do jornal Correio Braziliense, beneficiou o filho de Prudente na coleta de lixo hospitalar da capital do país.
Assinado por 11 parlamentares da base, entre eles os investigados Eurides Brito (PMDB), Brunelli e o próprio Prudente, foi apresentado pelo novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Geraldo Naves (DEM) na tarde de hoje. O principal articulador do documento foi justamente o presidente da Casa.
“Hoje elegemos a CCJ e a comissão especial. Os trabalhos vão continuar e vou permanecer no cargo porque é um direito constitucional e tenho esse dever a cumprir”, afirmou Prudente, na primeira entrevista aos jornalistas após sua volta ao cargo. Ele deu declarações quando saía das dependências da Câmara. “A saída do Cabo Patrício foi uma questão discutida na reunião. Ele é o principal interessado no meu afastamento”, disparou Prudente.
Patrício disse que não tem por que sair do cargo. Sustenta que não fez nada de errado e que não precisa fazer o tal gesto de grandeza. Segundo o petista, com o deputado da meia ocupando a presidência, os processos envolvendo Arruda serão empurrados para debaixo do tapete.
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