O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, coordenador da Operação Satiagraha, afirmou há pouco que é candidato a “carcereiro” do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Questionado se concorreria a algum cargo público nas próximas eleições, por causa de suas constantes aparições públicas em eventos promovidos pelo Psol, Protógenes foi taxativo: “Eu sou candidato a ser carcereiro do bandido banqueiro Daniel Dantas na primeira penitenciária federal pública que ele cumprir pena”.
O banqueiro foi condenado em primeira instância por tentativa de suborno, mas deve continuar a responder ao processo em liberdade em razão dos recursos apresentados por sua defesa. “Não seria um prazer pessoal, seria o desempenho de minha atribuição como servidor público”, complementou.
Protógenes foi ao Congresso receber a Medalha do Mérito Legislativo, concedida pelas lideranças partidárias a personalidades que se destacaram na defesa de alguma causa ao longo do ano. Indicado pela líder do Psol, Luciana Genro (RS), o delegado disse que a honraria representa o reconhecimento de seu trabalho no “local onde o povo tem a sua voz”. “Chegamos a um momento na história do país que queremos um basta na corrupção”, acrescentou.
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De acordo com o delegado, a Satiagraha revelou um grande esquema obscuro de tráfico de influência, de exploração de prestígio, de corrupção, de lavagem de dinheiro, de evasão de divisa, de sonegação fiscal envolvendo uma grande organização criminosa que contaminou algumas esferas do país.
Na operação, além de Dantas, também foram presos o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Eles são acusados de participação em um bilionário esquema de crimes financeiros.
Segundo o delegado, a Polícia Federal cresceu como instituição após a Satiagraha. Afastado da operação e investigado por vazamento de informações, Protógenes também cobrou maior independência para o trabalho de investigação.
“Hoje já se discute amplamente os poderes e atribuições de um delegado de polícia…[A Polícia Federal deve] ter as mesmas prerrogativas que o Ministério Público e a magistratura têm hoje, prerrogativas essas de dar mobilidade, independência funcional, independência financeira e administrativa, necessárias à segurança jurídica dos trabalhos que a Polícia Federal hoje desenvolve. Do jeito que está hoje, fica difícil desenvolver um trabalho com a maior segurança jurídica”, ressaltou.
O delegado também afirmou que não sabe onde trabalhará na PF. “Recebi uma decisão unilateral do órgão central da Polícia Federal que propôs a relotação para outro setor, mas ainda não fui comunicado oficialmente dessa relotação. Provavelmente, a partir do mês de janeiro, eu já devo ter sinais efetivos e concretos dessa minha nova lotação”. (Rodolfo Torres)
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