Alçado à condição de símbolo da luta contra a corrupção no Brasil após ser afastado do comando da Operação Satiagraha, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz afirma que atualmente seus colegas de corporação evitam participar de missões com elevada carga de complexidade com receio de sofrer represálias.
“Não querem mexer com peixe graúdo. Definitivamente, não”, admite Protógenes. “Hoje paira um estado de letargia, um estado de desconfiança no seio da classe da Polícia Federal”, revela o delegado em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Coordenada por Protógenes, a Satiagraha investigou um bilionário esquema de crimes financeiros. Entre os presos na operação, que foram soltos por determinação judicial, estão o banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
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“Já ouvi vários relatos de colegas dentro da Polícia Federal, falando que hoje eles estão apenas na condição de servidor público federal, de quererem cumprir apenas o horário preestabelecido para desenvolver sua atividade, sem se envolver em nenhum ato complexo que venha a causar algum prejuízo profissional para si próprio e para sua família, a exemplo do que ocorreu comigo”, afirmou o delegado, que teve seu próprio apartamento vasculhado por policiais após ser afastado do comando da Satiagraha.
Para ele, a operação policial provocou uma “crise institucional no país”. “O que se discutia há alguns meses era restringir a atividade policial, a atividade do Ministério Público e até mesmo da magistratura.”
Bloqueio
Sem entrar em detalhes, o delegado afastado afirma que “bilhões ainda serão bloqueados” devido às investigações da operação policial. “Certamente o Brasil vai se sentir recompensado, e a sociedade brasileira também, com o bloqueio de muitos recursos, de muitos bilhões, e a devolução dessas riquezas que saíram do nosso país.”
De acordo com Protógenes, a população brasileira não aceitou a versão produzida pela grande imprensa segundo a qual ele teria pedido para sair da operação policial após a realização das prisões. “O cidadão brasileiro já sabe o que é certo e o que é errado no Brasil. Então, por mais que a grande mídia tentasse reverter o processo, desqualificar o trabalho da Polícia Federal, a população não aceitou”, afirmou. “A opinião pública se rebelou”, emendou.
“Hoje a mídia está retratando todo o sentimento popular e toda a produção de conhecimento, toda a produção investigativa, toda a produção do Judiciário em relação à condenação do banqueiro Daniel Dantas”, complementou, em referência ao fato de o banqueiro ter sido condenado em primeira instância por corrupção ativa por tentativa de suborno a um delegado federal.
Futuro
Quanto ao seu futuro, o delegado diz ainda acreditar que voltará à Diretoria de Inteligência da Políc
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