Sônia Mossri |
O presidente da Comissão do Fumo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Mauro Flores, avalia que o Congresso acabará ratificando a convenção internacional que prevê a substituição do fumo por outros produtos. A proposta, já aprovada na Câmara, está parada no Senado desde maio. “Essa será uma injustiça com o pequeno produtor. O governo terá perda de arrecadação. Para se ter uma idéia, o fumo gera R$ 6,4 bilhões por ano aos cofres públicos. O movimento geral na última safra foi de R$ 13 bilhões”, observa Mauro Flores. Também produtor de fumo e membro do Conselho Fiscal da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Mauro Flores lembra que o Brasil, além de ser o segundo produtor mundial, é o maior exportador de fumo, com mais de 2,4 milhões de pessoas envolvidas na cadeia produtiva. Leia também Os agricultores bombardeiam a idéia de substituição da lavoura do fumo. Mauro Flores alega que não há uma cultura que dê tanto lucro para o pequeno produtor. “Eu quero que uma antitabagista me apresente uma outra cultura que seja tão rentável quanto o fumo e que dê menos trabalho. Aí, eu mudo”, reclama Mauro Flores. Antitabagistas defendem a medida Já Cristiane Vianna, vice-secretária executiva da Comissão Nacional para o Controle do Tabaco e técnica da divisão de Controle de Tabagismo do Inca (Instituto Nacional do Câncer), não vê dificuldades na substituição do fumo por outros produtos, como banana, milho ou até mesmo a psicultura. Segundo Cristiane, a experiência de troca da lavoura do fumo já deu certo no país. Ela aponta a cidade de Santa Cruz do Sul (RS), onde trinta famílias decidiram abandonar o fumo e passar a cultivar hortifrutigranjeiros sem agrotóxicos. Essa iniciativa é usada como modelo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o Inca, o maior obstáculo para a ratificação da Convenção Quadro pelo Congresso é o lobby da indústria do fumo e a pressão da Afubra. De acordo com Cristiane, a divulgação pela Afubra de que o acordo acabaria com a plantação de fumo no país tem prejudicado a aprovação do acordo. Segundo ela, isso não seria verídico. “A proposta da convenção não é acabar com as plantações de fumo no país e sim controlar. Os fumicultores precisam de apoio técnico. Existem muitos fumicultores que querem mudar de cultura e dizem que a Afubra não os representa”, afirmou. Diretores das principais indústrias de cigarro presentes no Brasil não concordam com a posição do Inca. Em conversa informal com o Congresso em Foco, todos alegaram que o maior temor do setor é que haja estímulo para se acabar com a agricultura de fumo no país. Colaborou: Tarciso Nascimento |
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