Em depoimento formal ao Ministério Público e à Polícia Civil de Rondônia, João Ferreira Lima voltou atrás na confissão feita na última terça-feira (17) e negou ser o autor dos disparos que mataram o senador Olavo Pires (PTB-RO), em outubro de 1990. Preso desde o início da semana na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), João admitiu ontem (19) ter acompanhado a execução do senador, mas não assumiu a autoria do crime.
"Embora ele tenha negado, ele confessa ter estado na cena do crime. Agora nós vamos juntar essas declarações ao inquérito policial", disse à Agência Estado a promotora Rosângela Marsaro. A representante do Ministério Público Estadual de Rondônia e o delegado civil Márcio Mendes Moraes desembarcaram ontem em Minas após a divulgação de um vídeo gravado pela Polícia Civil e pelo MP mineiro. Na gravação, João se vangloria de ser o autor dos 11 tiros que atingiram a cabeça da vítima.
“Ele morreu por um rapaz que é meio nervoso, não gosta… Não aguenta muito desaforo em certas horas… Hoje ele está mais velho… Ele gosta de arma. Aí, ele deu, quis aplicar uns 16 tiros de uzzi nele e pegou onze na cabeça”, declarou João, antes de confirmar, balançando a cabeça, que o “rapaz meio nervoso” era ele.
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Impunidade total
A confissão surpreendeu os policiais mineiros e reavivou um caso que caminhava para a prescrição em outubro de 2010. Olavo Pires foi assassinado em Porto Velho, no dia 16 de outubro de 1990, quando liderava as pesquisas de intenção de voto no segundo turno para o governo de Rondônia. Até hoje ninguém foi indiciado pelo crime.
O assassinato provocou uma reviravolta naquela eleição: o terceiro colocado no primeiro turno, Oswaldo Piana, voltou à disputa e acabou superando Valdir Raupp. Piana governou o estado entre 1991 e 1994.
Em 1993, João Ferreira Lima e Carlos Leonor Macedo chegaram a assumir a autoria do crime e a apontar Piana como mandante do crime. Mas, em depoimento à CPI da Pistolagem, a dupla recuou e alegou ter feito a confissão sob tortura.
João foi preso no último domingo no interior do Tocantins, acusado de liderar uma das principais quadrilhas de assalto a banco do país, desbaratada pela polícia civil mineira na Operação Vandec. Segundo apurou o site, Carlos já cumpre pena na Penitenciária Nelson Hungria, mas por outros crimes.
Como revelou o Congresso em Foco, o Senado vai acompanhar a retomada das investigações. Um grupo de senadores defende a reabertura das apurações pela Polícia Federal (PF). O corregedor da Casa, Romeu Tuma (PTB-SP), pretende ir a Belo Horizonte, após o Carnaval, para tomar conhecimento da íntegra do depoimento de João Ferreira Lima (leia mais). (Edson Sardinha)
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