Presidente do Podemos do Rio de Janeiro, o senador Romário anunciou a abertura de processo de expulsão dos deputados estaduais Chiquinho da Mangueira (Francisco Manoel de Carvalho) e Dica (Jorge Moreira Theodoro), que ontem (sexta, 18) se alinharam a outros 37 parlamentares para tirar da cadeia, em sessão extraordinária na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), os colegas Jorge Picciani, presidente da Alerj, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB. Além da soltura, a Casa assegurou aos peemedebistas o retorno ao mandato, contrariando decisão unânime do Tribunal Federal Regional da 2ª Região (TRF-2) formalizada no dia anterior. Pelas mesmas razões o Psol também decidiu expulsar Paulo Ramos, que já vinha atuando de forma independente em relação às orientações partidárias.
Leia também
<< Alerj derruba decisão judicial, revoga prisões e devolve mandato a Picciani, Paulo Melo e Albertassi
Publicidade<< Picciani encontra Cabral na cadeia e desabafa: “Sistema carcerário é muito degradante”
A informação foi confirmada pela Executiva Estadual do Podemos-RJ, que ontem (sexta, 17) filiou o ex-jogador Bebeto, deputado estadual fluminense que formou com Romário a dupla de ataque vencedora da copa do mundo de futebol em 1994. Também vice-presidente nacional do partido, Romário declarou que a atuação de Chiquinho e Dica contraria dois dos propósitos centrais do partido, que são a transparência e o combate à corrupção.
PublicidadeEm texto publicado no Facebook com a foto acima (leia a íntegra abaixo), Romário diz que o processo de expulsão tem o aval da presidente nacional da legenda, a deputada federal Renata Abreu (SP). “Não podemos admitir que decisões como esta dos deputados estaduais do Podemos sejam tomadas sem uma avaliação severa pela Executiva. Estamos construindo um novo partido, lutando por uma nova forma de fazer política. É o que defendo e é por isso que me filiei ao Podemos”, diz o senador.
Pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) manifestou publicamente sua contrariedade em relação aos parlamentares fluminenses e pediu a expulsão dos correligionários. “Sou absolutamente contra os deputados desfazerem decisões judiciais. É preciso acabar com este e todos os outros privilégios“, declarou.
Comando
Alvos da Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, seu antecessor na Alerj, Paulo Melo, e o segundo vice-presidente da Assembleia, Edson Albertassi, estão no comando do Legislativo fluminense há mais de 20 anos e são acusados pelos crimes de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cada um deles, segundo as investigações, já recebeu dezenas de milhões de reais do esquema de corrupção envolvendo setores omo o de transporte de passageiros. Na quinta-feira (17), quando foi determinada a prisão imediata dos deputados, um dos cinco desembargadores que julgaram o trio afirmou que os deputados simplesmente “não param” de cometer ilícitos.
“Quem sabe as prisões possam pará-los? A história dirá o que os deputados estaduais farão com a nossa decisão”, anotou o magistrado Marcelo Granato, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Para Procuradoria Regional da República da 2ª Região, o grupo criminoso têm atuado de forma ininterrupta no Rio desde a década de 1990, em estrutura que incluiu o ex-governador Sérgio Cabral, que também exerceu mandato de deputado estadual e presidiu a Alerj. Ainda segundo a Procuradoria, os parlamentares “vêm adotando práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para ocultar o produto da corrupção, que incluiu recursos federais e estaduais, além de repasses da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor)”.
O setor de transporte de passageiros, aliás, foi um dos principais focos de corrupção no poder fluminense. Segundos as investigações, Picciani, Paulo Melo e Albertassi receberam dezenas de milhões em propina nos últimos anos.
Leia a íntegra do texto de Romário:
A Executiva Estadual do Podemos-RJ informa que abriu processo de expulsão dos parlamentares que votaram pela soltura de Picciani, na sessão da última sexta-feira na ALERJ. São eles: Chiquinho da Mangueira e Dica.
Como presidente estadual e vice-presidente nacional, eu Romário afirmo que a postura dos parlamentares vai em sentido contrário à proposta do partido, que defende a transparência e o combate firme à corrupção.
Não podemos admitir que decisões como esta dos deputados estaduais do Podemos sejam tomadas sem uma avaliação severa pela Executiva. Estamos construindo um novo partido, lutando por uma nova forma de fazer política. É o que defendo e é por isso que me filiei ao Podemos.
A medida de expulsão dos parlamentares tem o apoio da presidente nacional, deputada federal Renata Abreu: “A competência é do nosso presidente estadual, senador Romário. Mas ele todo o apoio da nacional. A esperança de um novo Brasil tem de ter correspondência na atitude. E isso é o Podemos”.
Pré-candidato à presidência pelo Podemos, o senador Alvaro Dias também já veio a público, logo após a votação, manifestar indignação contra os parlamentares do Rio e pedir formalmente a expulsão. “Sou absolutamente contra o privilégio dos deputados de poderem desfazer decisões judiciais. É preciso acabar com este e todos os outros privilégios”.
O Podemos do Rio não vai compactuar nunca com esse tipo de política antiga. Que isso sirva de exemplo para todos que ainda praticam corrupção e outras sacanagens da política velha.
<< Marqueteiro diz que Picciani negociou contrato e acertou comissão em pastas do Esporte e da Saúde
<< Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi se entregam à PF depois de prisão decretada