Fábio Bispo, de Porto Alegre
Especial para o Congresso em Foco
Plínio de Arruda Sampaio Jr., filho de Plínio de Arruda Sampaio, sensação da campanha presidencial em 2010, inscreveu sua pré-candidatura à presidência da república no Psol e deve representar a ala do partido que diverge de uma possível candidatura de Guilherme Boulos, um dos principais cotados pela legenda. Boulos, até o momento, não oficializou a pré-candidatura e nem se filiou ao partido.
O fortalecimento da campanha de Plínio, que recebeu endosso de 1.635 filiados, entre eles da ex-deputada federal Luciana Genro, que foi candidata ao cargo em 2014, e do juiz do Trabalho e professor da USP Jorge Souto, pode ampliar a distância entre o partido e o PT.
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Recentemente, Plínio Jr. teceu críticas a Guilherme Boulos em seu blog. Boulos, que é líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e um dos principais nomes cotados pelo partido, tem evitado comentar sobre sua possível filiação e participação nas eleições. O líder do MTST falou em Porto Alegre e em São Paulo, ao lado de Lula e Dilma, em palanques, que defende o direito de Lula concorrer às eleições.
Para Plínio, a aproximação com o PT diverge das diretrizes ideológicas do Psol, que nasceu justamente da dissidência com o Partido dos Trabalhadores. “O ano de 2017 foi emblemático. Toda vez que um empurrãozinho poderia ter derrubado Temer e bloqueado os ataques aos trabalhadores, PT e PCdoB tergiversaram, evidenciando seus compromissos velados com o mundo dos negócios. Unidade nas ruas quando convém às conveniências partidárias muito particulares é oportunismo”, escreveu Plínio.
Com a inscrição de Plínio, o Psol conta com quatro pré-candidatos. Além de Plínio, também já manifestou interesse em concorrer pelo partido o professor Nildo Ouriques, de Santa Catarina; Hamilton Assis, que concorreu como vice de Plínio Arruda, pai de Plínio Jr., nas eleições de 2010; e Sônia Bone Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB. O prazo para inscrições do partido começou em 22 de janeiro e vai até 06 de março. Para inscrição, os candidatos devem apresentar lista de apoio com pelo menos 400 assinaturas.
O nome escolhido pelo partido deve ser anunciado na conferência eleitoral do partido, marcada para o dia 10 de março. Terão direito a voto 126 delegados mais os indicados. Segundo resolução do partido, cada delegado pode indicar uma pessoa do partido para votar na conferência.
Segundo membros do partido, Boulos é o mais cotado pela ala majoritária, mas não é nome bem visto entre a base. O Psol foi o partido que mais ganhou filiados em 2017, segundo dados do TSE. O MDB foi o que mais perdeu.
Quem é Plínio?
Filho de Plínio Arruda Sampaio, Plínio de Arruda Sampaio Jr. é professor livre-docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP). Com pesquisas na área de História Econômica do Brasil e teoria do desenvolvimento, dedica-se ao estudo do impacto da globalização capitalista sobre a economia brasileira. Membro do conselho editorial de diversas revistas acadêmicas, possui dezenas de artigos, publicados no Brasil e no exterior.
Petista de primeira hora, participou da elaboração dos programas econômicos do PT até 1990, quando coordenou a elaboração do programa da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a governador de São Paulo. Nesse período, colaborou ativamente como assessor econômico da legenda, tendo sido o responsável pela crítica ao Plano Collor no programa nacional do PT.
Em 2000 e 2002, participa ativamente das Campanhas pelo Plebiscito da Dívida Externa e pelo Plebiscito da Alca. Crítico dos rumos do governo Lula, foi um dos organizadores do Manifesto dos Economistas e do Tribunal Aberto em Defesa dos Radicais e um militante da campanha contra a Reforma da Previdência, tendo corrido o país afora debatendo com estudantes e trabalhadores os desvios neoliberais da gestão petista.
No Fórum Social Mundial de 2005, rompeu com o PT, junto com centenas de militantes históricos. No mesmo ano, ingressou no Psol. Em 2010, colaborou ativamente com a campanha de Plínio de Arruda Sampaio para a Presidência da República. Nos últimos anos, tem se dedicado à tarefa de reorganização partidária da esquerda socialista.
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Esse distanciamento da esquerda em relação ao Lula é bastante salutar. Sua figura autoritária e centralizadora inibiu o surgimento de novas lideranças nesse campo político.
Lula se aliou ao que havia de pior na política e se corrompeu. Depois dele a esquerda vai se renovar, e isso fortalece a democracia.