A liderança do PPS na Câmara pediu, nesta quarta-feira (23), à Corregedoria da Casa que apure o envolvimento do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Para o líder da bancada na Câmara, Rubens Bueno (PR), há indícios de que o deputado baiano, que trocou recentemente o PP pelo recém-criado Solidariedade, quebrou o decoro parlamentar por causa de suas relações com o doleiro.
“O caso é grave e não pode passar em branco. O deputado precisa se explicar na Corregedoria, respeitado o amplo direito de defesa. De qualquer forma, assim como está ocorrendo no caso do deputado André Vargas, uma investigação tem que ser aberta. É isso que estamos cobrando da corregedoria”, defendeu o líder do PPS.
Leia também
Deputado pelo PT do Paraná, André Vargas renunciou à vice-presidência da Câmara após ter virar alvo de um pedido de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa de suas relações com Youssef. O petista também tem contra si um pedido de cassação no Conselho de Ética. A votação do relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), prevista para ontem, foi adiada a pedido de defensores de Vargas.
A denúncia contra Argôlo é embasada em reportagem publicada no último fim de semana pela revista Veja que revela a troca de mensagens entre Alberto Youssef e uma pessoa identificada como “LA”, que cobra entrega de dinheiro. Ao perguntar o endereço da entrega, o doleiro recebe como resposta a mesma localização do apartamento funcional de Luiz Argôlo: apartamento 603 do bloco H da quadra 302 Norte, em Brasília.
Citando documentos da PF, a revista afirma que, em mensagem de 16 de setembro do ano passado, LA reclama e diz estar preocupado. Youssef responde: “Estou sacando a primeira parte… já está ok, a segunda depende de favor banco (…) Estou resolvendo para cumprir hoje”. Pouco depois, LA cobra mais uma vez: “E aí????”. “Meninos foram para o banco agora.”, responde o doleiro, de acordo com o relato da revista.
A reportagem ainda afirma que, em março, Youssef atendeu a um pedido de “LA” ao anunciar ter transferido R$ 120 mil para Vanilton Bezerra, exatamente o chefe de gabinete de Argôlo.
Ilação
Em respostas à revista, Argôlo negou ser o “LA” mencionado. Em nota, afirmou não ter recebido “supostos pedágios direcionados a detentores de mandatos federais”. Tudo é ilação, segundo disse à publicação. “Estranho as divulgações acerca de depósito indevido em conta de um assessor de meu gabinete”, disse o deputado. O assessor Vanilton Bezzerra assim respondeu sobre os R$ 120 mil, ainda de acordo com Veja: “Não estou sabendo disso”.
Veja ainda destaca que o PP, antigo partido do deputado baiano, aparece em vários documentos apreendidos na Operação Lava Jato como destinatário de dinheiro desviado pela quadrilha.
Rubens Bueno diz que as negativas não são suficientes para afastar uma apuração da Corregedoria. “Apesar do deputado negar envolvimento com o doleiro, há indícios fortes de negócios entre os dois. Tudo isso precisa ser explicado na Corregedoria da Câmara”, afirmou.
Deixe um comentário