O senador Aécio Neves (PSDB-MG) resolveu disputar uma vaga na Câmara nas eleições de outubro próximo. Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos principais alvos congressistas da Operação Lava Jato, o tucano veiculou sua decisão em longa mensagem nas redes sociais, por meio da qual diz que toma a decisão em respeito á própria trajetória politica e “à minha família e a todos que me levaram a conduzir o que muitos consideram o mais exitoso governo da nossa história recente” (leia íntegra abaixo).
“E farei isso, especialmente, em respeito a todos aqueles que sempre me honraram com a sua confiança”, acrescenta o ex-presidenciável e ex-presidente nacional do PSDB, alvejado depois da revelação dos áudios em que pede R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS. Para investigadores da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, o dinheiro é parte de um esquema de corrupção do qual Aécio fazia parte.
Paralelamente à veiculação da mensagem nas redes sociais, o também senador tucano Antonio Anastasia, candidato ao governo do Minas Gerais, divulgou nota saudando a decisão. Vice de Aécio entre 2011 e 2014, Anastasia não fez menção à situação judicial do colega e disse que candidatura à Câmara favorece “a ampliação do nosso projeto de alianças para a reconstrução de Minas, é prova de seu senso de responsabilidade com o Estado e do seu compromisso com os mineiros”.
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“As pesquisas realizadas apontam que grande parte dos mineiros, reconhecendo todo seu trabalho por Minas, gostariam que ele continuasse a ocupar uma das vagas do Estado no Senado. Essa realidade certamente tornou mais difícil a decisão tomada pelo senador e a faz ainda mais merecedora do nosso reconhecimento. Tenho certeza de que ele ajudará o PSDB a eleger uma importante bancada na Câmara dos Deputados para prestar relevantes serviços a Minas e aos mineiros”, acrescenta Anastasia.
Constrangimento
A decisão do tucano põe fim aos rumores sobre sua desistência em voltar a disputar a eleição em 2018, dada a gravidade das acusações que pesam contra ele. Como o Congresso em Foco vinha mostrando, a eventual presença de Aécio em palanques de correligionários era evitada em razão de seu caráter tóxico, devido às denúncias e à coleção de complicações do senador no Supremo.
PublicidadeNo último sábado (28), por exemplo, Aécio se ausentou da convenção tucana que confirmou Anastasia como candidato ao governo mineiro. Por meio de nota (leia a íntegra), Aécio alegou não ter decidido que rumo seguiria nas eleições deste ano e, nesse sentido, só depois de decidir seu destino passaria a participar “atos de campanha”.
A demonstração de que Aécio é evitado nos bastidores tucanos ficou clara em 26 de junho, quando o PSDB celebrou 30 anos de fundação. A comemoração de três décadas de existência ficou marcada pelo constrangimento do partido em ter que camuflar o senador, outrora expoente da legenda, em ano eleitoral. Ex-presidente do PSDB, ele se ausentou da celebração promovida pela executiva nacional em Brasília e, para completar, não discursa no vídeo comemorativo lançado para a ocasião (veja abaixo). Só em uma sequência acelerada de fotos Aécio pôde se fazer presente. Assim mesmo, bem mais novo e ao lado ao avô.
Leia a íntegra da mensagem de Aécio:
Caras amigas e caros amigos,
Compartilho com vocês a decisão que tomei sobre as eleições de 2018.
Nos últimos 30 anos, seja no Congresso Nacional ou à frente do governo do nosso Estado, dediquei minha vida a defender os interesses de Minas e dos mineiros.
Por isso, nos últimos meses, refleti muito sobre qual a melhor forma de contribuir para que Minas supere a dramática situação que enfrenta hoje e reencontre o caminho do desenvolvimento econômico e social vivenciado nos anos em que governamos o Estado.
Com o objetivo de ampliar o campo de apoio à candidatura que melhor atende ao projeto de reconstrução de Minas, a do senador Antonio Anastasia, informei a ele, hoje, minha decisão pessoal de não disputar, este ano, a eleição para o Senado, colocando meu nome como pré-candidato à Câmara dos Deputados, Casa que já presidi e onde, como líder partidário, à época do governo Fernando Henrique, ajudei a implementar algumas das principais reformas feitas no Brasil contemporâneo.
A gravidade da situação do nosso Estado exigirá uma bancada forte e unida na defesa dos interesses de Minas no Congresso e junto ao Governo Federal.
Estou certo de que poderei contribuir para isso.
Não foi, como podem imaginar, uma decisão fácil.
Por um lado, porque todas as pesquisas realizadas até aqui apontam meu nome entre os mais bem avaliados na disputa para o Senado.
Por outro, porque estão vivas na minha memória as inúmeras manifestações de estímulo que tenho recebido de lideranças dos mais variados setores e de todas as regiões de Minas.
Mas tomo essa decisão com a responsabilidade daqueles que sempre colocaram os interesses de Minas acima de qualquer projeto pessoal. Os que me conhecem sabem que foi assim que sempre agi e assim continuarei agindo.
Meus amigos,
Todos conhecem os ataques violentos e covardes de que tenho sido alvo. Diariamente as falsas versões engolem os fatos. Mas apesar de todas as injustiças, estou seguro de que, ao final, a verdade prevalecerá e com ela restará provada a correção de todos os meus atos.
Até lá, estarei lutando para que a verdade prevaleça.
Farei isso, em respeito à minha trajetória política, à minha família e a todos que me levaram a conduzir o que muitos consideram o mais exitoso governo da nossa história recente.
E farei isso, especialmente, em respeito a todos aqueles que sempre me honraram com a sua confiança.
Continuarei minha caminhada com o mesmo entusiasmo e determinação, e movido pelo mesmo sentimento que, há tantos anos, me trouxe para a vida pública: o amor a Minas e aos mineiros.
Aécio Neves
Aécio fica fora de convenção que lança Anastasia ao governo de Minas