Você tem a audácia de criticar o governo Dilma, Lula ou o PT? Então deve ser “tucano”, “coxinha”, “a favor dos banqueiros”, talvez um “neoliberal que não admite ver a ascensão dos pobres brasileiros”. Se você questiona hoje o PT, mas já o apoiou no passado, só pode ser “quinta coluna”, “traidor”, “lambe-botas da direita”.
Cobra coerência dos líderes da oposição que rasgam o verbo contra roubalheiras federais, mas não aceitam questionamento sobre as bandalheiras que envolvem seus partidos? Coisa de “petralha”, “esquerdopata a soldo da máfia petista”, quem sabe querendo implantar no país “a ditadura comunista”. Defende amplamente os direitos humanos e é contra qualquer forma de tortura e de discriminação de gênero, raça, orientação sexual ou etnia? Prepare-se pros piores xingamentos e para ser responsabilizado por todos os males do mundo.
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Quem tem algum traquejo no acompanhamento da política sabe que todas as reações citadas acima são despropositadas. Reportagem da nova edição da Revista Congresso em Foco tenta entender por que reações como as citadas acima se tornaram, no mínimo, mais frequentes e barulhentas graças ao notável espaço aberto para manifestação na internet. Especialistas ouvidos pela revista explicam como as coisas chegaram a esse ponto e como poderiam ser diferentes no Brasil.
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Estudioso do (sub)desenvolvimento da cultura democrática entre nós, o cientista político Milton Lahuerta avisa: a culpa não é da tecnologia. “As novas possibilidades de comunicação poderiam ampliar nossos horizontes, mas o que elas mostram é o baixíssimo nível da discussão política no país. Estamos em um patamar de verdadeira indigência política. Há uma intolerância muito preocupante que, quando canalizada pelas redes sociais, se torna algo desastroso por pelo menos três motivos. Deseduca os jovens que estão se iniciando nesse debate, desqualifica os adversários e abre espaço para todas as práticas possíveis”, diz o professor da Unesp em Araraquara (SP).
Mudar essa situação, mostra a reportagem, não virá por meio de soluções mágicas, mas por um longo processo de transformações que deve incluir novas atitudes por parte dos principais atores políticos, mas também por fatores como educação de qualidade, maior transparência nas ações dos gestores públicos e reforma política.
Leia a íntegra da reportagem na Revista Congresso em Foco:
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