Fábio Góis
O confronto físico entre policiais e agentes da Polícia Legislativa da Câmara acabou mal para um dos líderes da manifestação em curso no Salão Verde da Casa – inconformados com a falta de votações no esforço concentrado da Câmara, manifestantes a favor da aprovação de piso salarial ocupam o local, ao lado do plenário, e dizem que lá amanhecerão. Com o maxilar deslocado, o coordenador do Movimento pela Aprovação da PEC 308 (dá novo status aos agentes penitenciários, criando a Polícia Penitenciária), o agente Fernando Anunciação disse ao Congresso em Foco que só deixará a Câmara “morto”.
“Houve enfrentamento. No meio da confusão, fui enforcado por um segurança da Câmara, que foi me arrastando e tentando me tirar daqui”, resumiu o agente prisional, levando as mãos ao maxilar vermelho e inchado. Com expressão de sofrimento e dificuldade para falar, Fernando precisou de uma palavra para descrever a intensidade da dor que sente no rosto. “Bastante.”
Houve embates violentos entre agentes da segurança pública e policiais legislativos, tudo registrado por câmeras fotográficas e de TV, sob o olhar de dezenas de profissionais da imprensa.
Dezenas de curiosos – entre servidores do Legislativo e visitantes – acompanhavam tudo à distância, entre flashes e comentários de incredulidade.
Cercado por cerca de 100 policiais (eram cerca de 300 no momento da ocupação), que empunhavam uma bandeira do Brasil e gritavam palavras de ordem, Fernando criticou a falta de empenho de deputados em votar as proposições pendentes na pauta. Ele centrou os ataques nos líderes de bancada – a quem cabe fechar acordos de votação – e no próprio presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Tendo prometido por mais de uma vez concluir a deliberação das PECs 300 e 308, Temer não compareceu à Casa nesta terça-feira (17).
“Isso se chama deputado federal. Líderes partidários que não têm responsabilidade com a classe, com o trabalhador. Isso é um absurdo, um descaso com o trabalhador da segurança pública. Por incrível que pareça, o Temer sequer veio hoje”, protestou Fernando, criticando a ação dos policiais da segurança privada institucional. “É trabalhador agredindo trabalhador.”
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