O chefe da Delegacia de Homicídios de Porto Velho, Márcio Mendes Moraes, tomará em instantes o depoimento de Carlos Leonor de Macedo, o Perneta, principal suspeito de ter disparado os 14 tiros que mataram o senador Olavo Pires (PTB-RO), em 16 de outubro de 1990. Carlos Leonor foi preso na última sexta-feira (27) em Santarém (PA), por porte ilegal de armas. A Polícia Civil paraense encontrou com ele duas pistolas 9 milímetros, curiosamente do mesmo calibre da submetralhadora utilizada no assassinato do senador.
Carlos Leonor estava em liberdade desde maio do ano passado, quando deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), após cumprir pena por porte ilegal de munições e armas de uso restrito do Exército e por uma série de furtos de veículos praticados em Minas Gerais.
As investigações sobre o assassinato do senador foram retomadas no mês passado depois que João Ferreira Lima foi preso pela Polícia Civil mineira no Tocantins. Acusado de participar de uma das maiores quadrilhas especializadas em assalto a banco e carro-forte do país, João Ferreira confessou ter matado o senador. No momento da prisão, portava armas e munições pesadas.
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A revelação levou o delegado Márcio Mendes e a promotora Rosângela Marsaro, do Ministério Público de Rondônia, a Minas. Na presença dos dois, ele negou ter sido o autor dos disparos. O preso disse ter recusado o convite para acompanhar a execução.
Contradições
Olavo Pires foi assassinado em Porto Velho, no dia 16 de outubro de 1990, em frente à sede de sua revendedora de máquinas pesadas e implementos agrícolas. O crime chocou Rondônia e provocou uma reviravolta naquela eleição: o terceiro colocado no primeiro turno, Oswaldo Piana, voltou à disputa e acabou superando Valdir Raupp. Piana governou o estado entre 1991 e 1994.
Em 1993, João Ferreira Lima e Carlos Leonor Macedo chegaram a assumir a autoria do assassinato e a apontar Piana como mandante do crime. Mas, em depoimento à CPI da Pistolagem, a dupla recuou e alegou ter feito a confissão sob tortura. Por falta de provas, os dois acabaram soltos.
No início das investigações, ainda em 1990, João Ferreira e Carlos Leonor chegaram a ser presos como suspeitos do assassinato do senador. A dupla havia furtado um Gol com as mesmas características do veículo apontado por testemunhas como o utilizado na fuga.
A CPI da Pistolagem, da Câmara, apurou o caso e concluiu, em 1994, que os dois participaram da execução do senador. João Ferreira seria o condutor do veículo. O motorista de Olavo, Vitoriano Lino, chegou a reconhecer Carlos Leonor como autor dos disparos. Ele teria usado no momento do crime uma peruca, apreendida com ele pela PF, em 1993, em Manaus.
Perneta
As testemunhas do assassinato relataram, na época, que o atirador deixou o local do crime mancando. Carlos Leonor tem o apelido de Perneta porque tem uma deficiência na perna esquerda, resultado de quatro tiros que levou em uma briga em Goiânia. João Ferreira seria o motorista do carro utilizado na fuga pelo assassino.
A CPI chegou à conclusão de que o senador foi assassinado por contrariar interesses econômicos e políticos de personalidades de Rondônia. E apontou o grupo ligado ao então governador Oswaldo Piana como suspeito de mandar matar o senador. A comissão, porém, não pediu nenhum indiciamento.
Desde ontem, o Congresso em Foco tenta reconstituir o crime e as investigações por meio de uma série de reportagens. Confira:
O assassinato do senador Olavo – capítulo 1
O assassinato do senador Olavo – capítulo 2
Não perca amanhã a terceira reportagem da série. (Edson Sardinha)
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