Após meses de conflito interno, a Executiva Nacional do PMDB decidiu ontem, por unanimidade, que não terá candidato próprio para disputar as eleições presidenciais deste ano. A legenda também anunciou que não fará aliança no plano nacional e, com isso, fica livre para fazer as coligações políticas que bem entender nas eleições estaduais.
O caminho escolhido pelo PMDB levou em conta a regra da verticalização, em vigor nas eleições deste ano por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por meio dela, o partido que estiver em uma aliança nacional não pode contrariá-la nos estados. “Não tem outra saída a essa altura. É muito triste”, lamentou o senador Pedro Simon (PMDB-RS), ao anunciar a desistência da sua pré-candidatura ao Planalto.
A polêmica ainda deve continuar nos tribunais. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, obteve uma liminar na Justiça para realizar a convenção do partido no dia 22. “É claro que o partido não descumprirá uma decisão judicial porque isso não é democrático”, disse ele.
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O presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que vai recorrer da decisão. “O Judiciário não pode estabelecer uma data porque isso fere a autonomia do partido. Politicamente eu diria que a candidatura própria é inviável”, afirmou Temer.
A cúpula do partido afirma que se a convenção for realizada, apenas dois diretórios estaduais compareceriam, o que inviabilizaria o evento. Agora o partido se dividirá entre os apoios ao presidente Lula e ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. “Acho que a tendência é meio a meio, mas com pequena diferença a favor do PSDB”, disse Temer.
Apesar de ter aceitado a decisão, Simon criticou o comando partidário: “Estão todos com cargo no governo (Lula). Isso pesou mais do que a candidatura à Presidência da República. Não há amor, dedicação pelo partido”, disse. “É uma legião estrangeira no comando. Eles não conseguem sentir a história do PMDB.”
“Queria que a Executiva assumisse o compromisso de encerrar esse assunto hoje (ontem). Não há como encaminhar a candidatura própria e esse debate só serve para desgastar cada vez mais a nossa imagem”, disse o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações. “Estamos dando como falecida a idéia da candidatura própria”, disse o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), um dos lançadores da pré-candidatura de Garotinho.
PT espera apoio do PMDB
Com o fim da briga em torno da candidatura própria, o PMDB começa agora a pensar nas alianças regionais. Visivelmente, o principal beneficiado com a decisão tomada ontem pelo partido será o presidente Lula, candidato petista ao Planalto.
Lula deve contar com o apoio informal de pelo menos 16 diretórios estaduais do PMDB. Com a decisão da Executiva Nacional do partido, os governistas da legenda já começam a articular o lançamento do movimento Pró-Lula.
“Agora nós estamos mais confortáveis para apoiar o presidente”, disse Eunício. O PT deve oficializar a candidatura de Lula à reeleição até o dia 29 de junho.
A ala governista do PMDB calcula que Lula poderá receber o apoio de até 21 estados. Os que apóiam o presidente se justificam pelos números das pesquisas eleitorais que o apontam como vencedor já no primeiro turno. Os diretórios de São Paulo e Rio de Janeiro também devem partir para o apoio ao PT.
Apenas em redutos onde historicamente são rivais, como em Mato Grosso do Sul, Acre, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná e no Distrito Federal, está descartada uma aliança entre os dois partidos.
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