O PMDB do Senado quer um encontro com o presidente Lula para aparar as arestas na relação do partido com o governo – convivência abalada pela rebeldia da semana passada, que derrubou a MP 377 e a Secretaria de Planejamento de Ações de Longo Prazo. A bancada de senadores peemedebistas quer jantar com Lula para pedir a volta de Silas Rondeau ao Ministério das Minas e Energia.
Ele foi afastado do cargo em maio, quando a Polícia Federal o acusou de receber R$ 100 mil de propina da empreiteira Gautama, pivô da Operação Navalha. Desde então, os senadores esperam uma conversa com Lula para ou trazer de volta Rondeau ou colocar em seu lugar um apdrinhado do PMDB do Senado: Márcio Zimmerman.
De acordo com o líder do partido, Valdir Raupp (RO), disse que os colegas aguardam com ansiedade a oferecimento da denúncia do Ministério Público sobre a Operação Navalha, que deveria sair em julho, segundo investigadores do. O Congresso em Foco apurou que as procuradoras do caso Navalha pretendem fazer isso nos próximos dias, aguardando apenas o envio de documentos da Controladoria Geral da União (CGU). A esperança do PMDB é que Rondeau não seja denunciado e possa retomar seu cargo.
“Isso tem gerado uma cera ansiedade. Espero o parecer da Procuradoria Geral da República. Se o Silas não for denunciado, ele volta”, disse Raupp hoje (1o). Caso ele seja denunciado ou o MP demore a apresentar uma ação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o partido quer convencer Lula a empossar logo Zimmerman.
Isso equilibraria a cota do PMDB do Senado na Esplanada dos Ministérios. “Tem que ter um certo equilíbrio entre a bancada do Senado e da Câmara”, avaliou Raupp.
“Petização”
A bancada está peemedebista está preocupada com a “petização” do ministério antes ocupado por Rondeau. O ministro interino, Nelson Hubner, está mudando a cara da pasta, na visão dos senadores, com pessoas e programas ligadas a ele. Ele foi chefe de gabinete da ministra da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff. “É natural que o ministro na pasta comece a montar sua equipe”, amenizou Raupp, que pondera que tudo será conversado. “Cargos e nomeações são atribuições exclusivas do presidente.”
Além da indicação de Rondeau, os parlamentares querem levar outras queixas a Lula. Querem discutir problemas regionais e serem ouvidos antes sobre o envio de medidas provisórias ao Congresso. Nos bastidores, reclamam ainda da indicação de cargos para a Petrobrás e das poucas liberações de emendas.
Além do encontro com os senadores, os congressistas aguardam uma reunião de Lula com os representantes da base na Câmara. A previsão é de um jantar na terça-feira (2) no Palácio da Alvorada. Antes disso, o presidente participa da reunião do Conselho Político, marcada para as 11h, para tratar da criação da TV Pública. Entretanto, até as 19h de hoje, a assessoria do Planalto não confirmou nenhuma reunião do presidente com a bancada de senadores do PMDB para esta semana.
Dificuldade
O líder do PMDB garante que o partido continua na base do governo, apesar do susto dado no Planalto na semana passada. Mas Raupp avalia que será difícil aprovar, com a atual correlação de forças no Senado, a prorrogação da CPMF na Casa. “Não somente pela bancada do PMDB. O governo tem que buscar seis ou sete votos fora da base”, disse. O líder entende que o governo precisa ampliar sua base, o que poder ser favorecido com o troca-troca partidário, iniciado há alguns dias e que deve se intensificar esta semana, devido aos prazos da Justiça Eleitoral e a um julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Para Aloizio Mercadante (PT-SP), só o aumento da base não basta. “A base precisa ter mais senadores e os senadores precisam votar com o governo, para não acontecer como na semana passada”, reclamou o petista. Ele não quis comentar a exigência do PMDB de ter de volta um ministério com um apadrinhado da bancada dos senadores do partido. “Isso é um problema do PMDB na sua relação com o governo”, desconversou Mercadante. (Eduardo Militão)
Atualizada às 19h06
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