Rudolfo Lago
A plateia presente ao debate entre os presidenciáveis promovido pela TV Canção Nova e a Rede Aparecida, emissoras ligadas à Igreja Católica, não perdoou a ausência da candidata do PT, Dilma Rousseff. Antes do debate começar, foi lida uma nota enviada pelo comando da campanha de Dilma dizendo que a sua ausência devia-se a uma incompatibilidade de agenda e que ela havia insistido na unificação em único debate de instituições católicas. Como isso não foi possível, ela comprometeu-se a ir a um encontro que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pretende promover em setembro.
A justificativa de Dilma, aparentemente, não foi bem aceita. Antes do debate começar, o ex-ministro do Trabalho Walter Barelli já a criticou numa entrevista levada ao ar pela rede de emissoras católicas. “Ela não veio porque não tem condições de responder às perguntas para as bancadas ligadas aos temas religiosos”, atacou.
No debate, o candidato do Psol, Plínio de Arruda Sampaio, criticou-a no primeiro bloco. Plínio deixou de responder à primeira pergunta, sobre se era importante o presidente da República acreditar em Deus. “Não está aqui uma candidata que não poderia faltar. Porque eu tenho certeza que toda a comunidade cristã conhece ao Serra, a mim e à Marina. Mas essa senhora é uma incógnita, que foi inventada pelo Lula, manda uma cartinha cheia de platitudes, porque não quer responder às perguntas que serão feitas aqui, que são fundamentais”, protestou Plínio, sob aplausos.
À pergunta sobre a necessidade de o presidente crer em Deus, José Serra, do PSDB, respondeu que isso “bom”. “Acho bom que o candidato a presidente acredite em Deus. A falta de espiritualidade tem criado problemas para a humanidade”, disse ele. Já Marina Silva, do PV, disse que a crença seria um “delta a mais”. Mas acrescentou: “Deus é tão generoso que ele permite até a quem não crê nele praticar valores como Justiça, liberdade, amar e ser amado”.
Ainda no primeiro bloco, foram sorteadas perguntas para cada candidato. Marina respondeu sobre reforma agrária: “Nós temos uma dívida histórica com relação à questão da terra. Minha posição sempre foi de defesa da reforma agrária. Não uma reforma agrária homogênea em todo o país”. Marina defendeu que, na Amazônia, a reforma agrária seja com reservas estrativistas e não com “lotes quadrados” como nas demais regiões.
Plínio de Arruda Sampaio falou sobre a obrigatoriedade ou não de símbolos religiosos em lugares públicos. “Essa é uma República laica. Aqui, existe gente que acredita em Deus, e gente que não acredita em Deus. Acho que não há necessidade de a igreja insistir em ter símbolos religiosos em prédios públicos, porque os prédios públicos são de todos”, respondeu.
E Serra foi sorteado para falar sobre a política econômica. “A estratégia errada é a dos juros. O Brasil não tem corte de consumo propriamente dito. O que nós temos são três recortes de matéria econômica que não são motivo de orgulho: temos a maior taxa de juros do mundo, temos a maior carga tributária do mundo em desenvolvimento, e o Brasil é o país onde a taxa de investimentos do governo é a penúltima ou antepenúltima do mundo. Isso pode atrapalhar muito o nosso desenvolvimento e a geração de emprego”.
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