O Estado de S. Paulo
ONG recebe R$ 4,4 mi do Planalto
Uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), que funciona num bairro residencial de Brasília, recebeu do Ministério da Cultura R$ 947 mil para ajudar na organização da 2ª Conferência Nacional de Cultura. Nos últimos cinco anos, o Núcleo de Atenção Social à Cidadania e Educação (Nasce) recebeu do governo federal R$ 4,4 milhões para diferentes programas.
No endereço dado pela Oscip, escritórios de advocacia dividem os cômodos de uma casa em área nobre de Brasília. Eliana Cristina Ribeiro, diretora do Nasce e servidora pública aposentada, diz que a organização divide com os advogados uma sala no endereço dado. “A sede do Nasce é lá, mas a gente trabalha em casa. Nós trabalhamos com produto, trocando informações por meio de computador”, afirma.
Pelo contrato firmado com o Ministério da Cultura, a Oscip receberá R$ 947 mil para contratar e treinar 26 “facilitadores” e para dar apoio técnico à conferência, como a organização das sugestões feitas nas conferências estaduais e municipais. O ministério afirmou que a pasta não tem estrutura para organizar sozinha uma conferência. Por isso, decidiu firmar parceria com o Nasce que, de acordo com informações dos assessores, já tem experiência na realização de conferências.
Oposição descarta propor ‘invenções’
Na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição prevê que não haverá espaço para fazer “invenções e experimentos” nas propostas a apresentar ao eleitor. Segundo alguns de seus integrantes, a ideia é fazer o básico, mas mirando alvos onde o atual governo teria deixado a desejar na sua atuação. Esses focos serão infraestrutura, saúde, juventude e segurança, a partir de um projeto articulado de desenvolvimento. Outro ponto básico será também o conceito da capacidade de gestão. Na visão da oposição, o PT aparelhou o Estado e descuidou de sua eficiência.
“O PT inchou a máquina, mas ela não funciona. O problema central não é nem o número de funcionários públicos. O que não pode é ter cada vez mais gente e eles não serem eficientes”, diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). A primeira transformação imediata que os aliados do governador e candidato tucano à Presidência, José Serra, se propõem a fazer é a “reforma de hábitos e costumes” na relação com o Legislativo e o Judiciário.
Dilma vai assumir no congresso do PT marca do pós-Lula
O comando da campanha de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto aposta no discurso da ministra da Casa Civil no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, para jogar por terra a retórica do pós-Lula entoada pelo PSDB. “O pós-Lula é inseparável do governo Lula”, afirmou Dilma na reunião ministerial de quinta-feira, apontando a tecla em que baterá na corrida sucessória. “Esse legado é nosso.” Acusada de não ter jogo de cintura política, a ministra já começou a ensaiar a coreografia dos palanques. Um discurso forte de Dilma no megaencontro que oficializará sua candidatura, em Brasília, é considerado fundamental para sinalizar o tom da campanha petista e fazer uma inflexão na disputa.
Diante de uma plateia formada por ministros, governadores, dirigentes e parlamentares do PT e de partidos da base aliada, além de convidados internacionais, Dilma falará sobre as “obras” do governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o projeto nacional de desenvolvimento que norteará sua plataforma. A ideia é mostrar que a era Lula construiu os “alicerces” para um novo ciclo que, na receita petista, combinará ingredientes para a ampliação dos investimentos públicos e incentivo aos privados com programas sociais para a redução da pobreza.
Fórum vê crise mundial dos partidos
Dez anos depois da sua criação, o Fórum Social Mundial (FSM), que começa amanhã em Porto Alegre, discutirá alternativas à crise dos partidos tradicionais em todo o mundo. Ao mesmo tempo receberá, amistosamente, alguns astros da “grande política” brasileira. Em ano de sucessão presidencial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as pré-candidatas à Presidência pelo PT, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e pelo PV, senadora Marina Silva (AC), participarão de eventos no encontro.
Neste ano, um dos pontos em discussão no evento será a possibilidade de constituição de agremiações partidárias globais, devido ao caráter internacional de muitas questões ali tratadas. Mas o fórum continuará longe de virar partido. A reunião no Rio Grande do Sul será um dos 27 encontros regionais programados pela organização do fórum para este ano. O grande evento internacional, que agora só acontece de dois em dois anos, está marcado para janeiro de 2011, em Dacar, no Senegal. A edição de Porto Alegre, onde o fórum começou, dez anos atrás, se estenderá para municípios da região metropolitana da capital. São esperadas cerca de 20 mil pessoas.
Cordero é extraditado para a Argentina
O major uruguaio Juan Manuel Cordero Piacentini foi levado ontem numa ambulância até o meio da ponte internacional que liga Uruguaiana a Paso de los Libres, onde foi entregue às autoridades argentinas. Ele é acusado pela Justiça de participar de tortura contra 32 civis (27 uruguaios e 5 argentinos), do assassinato de dez pessoas e do sequestro de um bebê. Preso em 2007 no Brasil, ele teve sua extradição autorizada pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado. Alegando problemas de saúde, ele tentou permanecer no País. Nos próximos dias, o militar uruguaio, um dos principais torturadores da Operação Condor (o plano de coordenação entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 70 e 80 para a troca de informações e prisioneiros políticos), sentará no banco dos réus em Buenos Aires.
Correio Braziliense
R$ 123 milhões pelos ares
A negociação de R$ 123,7 milhões para a compra e a venda de helicópteros para ao menos 14 estados está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF). A suspeita é de fraude nos processos licitatórios, incluindo direcionamento para que uma empresa fosse vencedora dos pregões e superfaturamento. Os recursos para a compra das aeronaves são do Ministério da Justiça e foram transferidos para os estados por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública (Funsp). Desde 2000, a pasta investiu R$ 274 milhões em aviação.
No centro das investigações está a Helibras, empresa mineira que é a única fabricante de helicópteros na América do Sul. Com mais de três décadas de atuação, o capital da Helibras está dividido entre a francesa Eurocopter Participacions, a Bueinvest Representações Comerciais, do banqueiro Edmond Safdié, e a MGI Minas Gerais Participações, do governo mineiro.
A presidência do Conselho de Administração está nas mãos do ex-governador do Acre, o petista Jorge Viana, que já manifestou disposição de concorrer ao Senado este ano. Recentemente, a Helibras garantiu novos contratos milionários com o governo federal. Incluindo um projeto para a modernização de 34 helicópteros do Exército e a produção de 50 aeronaves para as Forças Armadas. Segundo informações da própria empresa, no segmento de bombeiros, polícia e entidades públicas, é líder de mercado com mais de 80% de participação.
Tática contra a lentidão
A guerra contra a morosidade no Judiciário começa a ganhar corpo. Uma comissão criada pelo Senado em outubro com a missão de dar norte ao novo Código de Processo Civil finalizou a elaboração das diretrizes do projeto. O texto, fechado em dezembro, prega, por exemplo, a redução do número de recursos que podem ser apresentados durante a tramitação de processos. Nos de primeira instância, por exemplo, os questionamentos só poderão ser feitos após a sentença final, quando a parte que se sentiu lesada terá a possibilidade de contestar de uma vez diversos movimentos da peça. Entre as inovações detalhadas no relatório parcial enviado pela comissão ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está a obrigatoriedade da aplicação da jurisprudência em casos múltiplos repetitivos — como planos econômicos do governo, em que um ato é questionado por milhares de pessoas.
Outra mudança importante versa sobre a utilização do recurso de apelação. Hoje, se apresentado, ele automaticamente suspende a eficácia da sentença de primeiro grau. “Pretende-se, com a reforma do Código de Processo Civil, fazer com que a apelação não tenha efeito suspensivo, de modo a permitir que o que foi decidido pelo juiz possa ser executado”, explica o desembargador Frederico Neves, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, membro da comissão criada pela Associação dos Magistrados do Brasil para auxiliar os trabalhos do colegiado criado pelo Senado. Ele explica ainda que, caso o tribunal acolha a apelação e anule a sentença, a execução é desfeita.
Ruim com ela, pior sem ela
Os partidos começam a se mobilizar e formar alianças para garantir maior chance de vitória em outubro — e maior fatia do horário eleitoral gratuito na televisão. Na última semana, por exemplo, o PDT antecipou o apoio à candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República e a cúpula do PMDB reforçou o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), para a vaga de vice na chapa governista. Mas o alto custo da propaganda política contrasta com a queda de audiência, já verificada em anos anteriores, durante a exibição da propaganda dos candidatos.
Pesquisas do instituto Ibope realizadas na última eleição presidencial mostraram uma redução de cerca de 15% na audiência da televisão aberta na grande São Paulo comparando-se a propaganda política à grade normal de programação. A diferença caiu para 7% no segundo turno da disputa de 2006, quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva venceu o tucano Geraldo Alckmin. Apesar dos números e das novas mídias, a televisão continua sendo a principal aposta de políticos e marqueteiros.
Defesa de doações ocultas
A promessa de dar mais transparência ao financiamento de campanhas, acenada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em pleno ano de corrida às urnas, já ganhou inimigos entre presidentes e representantes de partidos políticos. Para impedir que saia do papel a resolução acabando com as chamadas doações ocultas, políticos negociam nos bastidores e se armam com um discurso de que a ofensiva desrespeita o Congresso, uma vez que a matéria acaba de ser votada na reforma política aprovada pela Câmara e pelo Senado. E, caso o TSE aprove que sejam detalhados o recebimento e o repasse de verbas aos candidatos em campanha por agremiações, o assunto pode mesmo ir parar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Atualmente, a legislação reza que os partidos prestem contas de quanto receberam de cada doador. Não há, contudo, a exigência de que seja detalhado para quais candidatos a verba foi direcionada. As legendas apenas informam os valores captados, doadores e repasses. Nada discriminado. Essa brecha permite uma triangulação entre empresas interessadas em fazer lobby político, partidos e candidatos. Promulgada em 29 de setembro do ano passado, a Lei nº 12.034 ainda precisa ser regulamentada pelo TSE. A proposta do tribunal é que, da mesma forma que os candidatos, os partidos abram contas bancárias para fins de campanha e prestem informações durante o ano eleitoral, discriminando financiadores e recebedores de doações. Audiências públicas para discutir o tema estão previstas para fevereiro. Uma resolução específica da prestação de contas dos partidos barra um dispositivo que faculta às legendas assumir dívidas dos candidatos.
O bloco de José Serra na rua
As pressões internas para que o pré-candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), saia da toca e mostre a cara para eleitores de todo o país estão cada vez mais fortes. Parte do tucanato reclama da postura reclusa do governador de São Paulo e acha que ele deveria voar além dos limites do estado para se fazer presente em outras capitais. Serra resiste, alegando que a melhor forma de dar visibilidade à sua pré-campanha é governar “bem” o estado até abril, quando será obrigado pela Justiça Eleitoral a sair do cargo.
Na semana passada, o presidente do PSDB baiano, Antonio Imbassahy, ex-prefeito de Salvador, intimou Serra a comparecer em pelo menos um dia no carnaval da cidade, que reúne 2 milhões de foliões e é apontado como a maior festa popular do planeta. “Fiz o convite porque acho importante ele conhecer essa manifestação cultural”, justifica.
Na verdade, o PSDB da Bahia está de olho é na exposição que Serra terá, caso aceite o convite tentador. Segundo a Empresa de Turismo de Salvador (Emtursa), o carnaval baiano gera 161 horas de transmissão em redes de televisão local, 66 horas em rede nacional e mais 100, de internacional. A cobertura chega a todas as cidades por meio de jornais de circulação local e nacional, além das seis maiores emissoras de televisão que operam no Brasil. “A exposição na mídia seria uma consequência da visita”, assegura Imbassahy.
Folha de S.Paulo
PT resgata seus mensaleiros em novo Diretório Nacional
O PT oficializou ontem a volta de nomes envolvidos no escândalo do mensalão à direção do partido. Conforme indicação da corrente majoritária da legenda, a CNB (Construindo um Novo Brasil), José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino irão compor o novo Diretório Nacional, que tomará posse no mês que vem. A campanha da candidata do partido à Presidência, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), promoverá outra reedição: a do grupo de sindicalistas bancários que originou os “aloprados” e desempenhará funções estratégicas, como a centralização da captação de recursos.
“Não tem sentido prescindir da experiência desses companheiros num momento tão importante como este [pré-campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência]”, disse o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra (SE), à frente da CNB. As indicações foram aclamadas em plenário no congresso da chapa que venceu as eleições em novembro de 2009.
PT reagirá a uso de vitrines de Lula por Serra
O encontro das alas majoritárias do PT que terminou ontem em São Roque decidiu que o partido atuará para evitar que a oposição se aproprie das principais bandeiras da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e definiu os cinco eixos centrais da campanha da ministra Dilma Rousseff: educação, saúde, segurança, ciência e tecnologia e meio ambiente. Na prática, isso significa que a cúpula da sigla não irá recuar no discurso de que uma eventual vitória de José Serra (PSDB), governador de São Paulo e hoje o principal nome da oposição, significará uma ruptura e um retrocesso e que somente Dilma poderá avançar em áreas nas quais a gestão Lula ainda derrapa. Ainda conforme as resoluções do encontro, o partido tentará servir, pelo menos até o início legal da campanha, em junho, como um escudo para sua pré-candidata.
Descoberta arqueológica para obra no São Francisco
Um sítio arqueológico com fragmentos cerâmicos e gravuras rupestres foi encontrado em um canteiro de obras da transposição das águas do rio São Francisco, em Custódia (que fica a 350 km de Recife). Os vestígios, que podem ter 9.000 anos, foram achados em uma região de caatinga conhecida por Lage das Onças, no lote 10 da obra, a 40 km da cidade. A descoberta surpreendeu especialistas também por sua conexão com outra região brasileira, esta na Paraíba, onde há pegadas de dinossauros. A área em Pernambuco abriga ainda ruínas de um engenho e até cartuchos de fuzil que podem ter ligação com o cangaço.
As gravuras, talhadas em pedra, não se assemelham à forma humana ou animal. Segundo os arqueólogos, os desenhos são de “grafismos puros”, que nada representam da vida real. Os fragmentos cerâmicos foram encontrados a aproximadamente cem metros de distância das gravuras, no exato local onde passará o canal do eixo leste da transposição. A descoberta paralisou os trabalhos de terraplenagem numa área de aproximadamente 20 mil metros quadrados.
Serra busca suavizar imagem com mercado
Potencial candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra, investe em pontes para suavizar sua imagem diante de empresários. Em sua equipe, Serra não conta só com colaboradores com trânsito em diferentes setores da economia. Mas busca parcerias, seja com a escalação de empresários para o conselho do recém-criado Investe São Paulo (agência paulista de investimento), ou com a cooperação do Movimento Brasil Competitivo na área de gestão.
Além de sensibilizar o empresariado para ações administrativas, a colaboração ajuda a demolir ideia recorrente em setores da economia de que, eleito presidente, Serra estaria fechado ao diálogo. Hoje, o conselho da Investe São Paulo inclui, por exemplo, nomes como o de Paulo Cunha (Grupo Ultra), Ivan Zurita (Nestlé) e Paulo Godoy (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base).
Brasil quer “Plano Lula” para reerguer país
O chanceler Celso Amorim sugeriu ontem, durante visita a Porto Príncipe, que o governo brasileiro lidere os esforços internacionais para reconstruir o Haiti, devastado por um terremoto ocorrido há doze dias. Amorim fez a oferta depois de ser questionado por um jornalista sobre a possibilidade, apresentada pelo FMI, de se adotar para o Haiti um novo plano Marshall, o programa pilotado pelos EUA que norteou e financiou a reconstrução de países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial.
“Por que tem que ser um plano Marshall? Pode ser plano Lula. Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado”, disse o ministro em entrevista coletiva na base das tropas brasileiras que comandam desde 2004 a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti).
Horas antes da entrevista coletiva, o chanceler anunciara, ao desembarcar no Haiti, que o Brasil dobrará a ajuda humanitária de emergência para uma primeira etapa da reconstrução do país caribenho. O montante passaria de US$ 15 milhões para US$ 30 milhões.
O Globo
Crime usual, punição rara
Alvo de fiscalização conjunta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Receita Federal pela primeira vez, empresas e pessoas físicas que fizeram doações acima do limite permitido em lei, nas eleições de 2006, permanecem impunes ou recebem a pena mais branda possível — multa no valor de cinco vezes a quantia que excedeu o teto. De um lado, parte dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) resiste à iniciativa do TSE de punir os excessos e rejeitam todas as ações. É o caso dos tribunais de São Paulo e Distrito Federal. De outro, como no TRE do Rio de Janeiro, as empresas condenadas só precisam pagar multa, escapando da outra sanção prevista em lei: a proibição de participar de licitações por cinco anos.
Em outubro, a empresa carioca Somar — Serviços de Operações Marítimas Ltda. foi condenada a pagar multa de R$ 35 mil, por ter excedido em cerca de R$ 7 mil o limite de doações. Mas escapou da proibição de participar de licitações. Quase dois meses depois da condenação, a Somar, em parceria com outra empresa, assinou contrato de R$ 97,9 milhões com a Secretaria Especial de Portos, da Presidência da República. A empresa é uma dos quase 50 condenados pelo TRE do Rio. O Ministério Público não informou quantas ações foram ajuizadas no estado.
Mesmo condenadas, empresas doadoras recebem aval para participar de licitações
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) já condenou pelo menos 40 empresas e nove pessoas por doações acima do limite nas eleições de 2006. A punição, em regra, é a multa mínima de cinco vezes o valor excedido. Os 49 doadores terão que pagar R$ 11,3 milhões. Das 40 empresas condenadas, pelo menos sete tinham contratos com o governo federal, estadual ou com a prefeitura do Rio, no ano passado. Nenhuma foi proibida de participar de licitações.
Uma das punidas fechou contrato com a Presidência da República Uma delas é a Somar — Serviços de Operações Marítimas Ltda., que assinou contrato com a Secretaria Especial de Portos, da Presidência da República, dois meses após ser condenada.
A empresa foi multada em R$ 35 mil pela doação acima do limite.
A punição teve origem na doação de R$ 120 mil a um candidato a deputado federal de Santa Catarina, o exprefeito de Blumenau Decio Lima — político próximo de Lurian, filha do presidente Lula. A doação à campanha de Lima ficou R$ 7.210,01 acima do limite, já que o faturamento da empresa, de R$ 5,6 milhões em 2005, permitia doação de até R$ 112.789,99.
TSE analisa uso de dados sigilosos para fiscalização
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve retomar este ano julgamento que vai sinalizar a posição da corte sobre o uso de dados sigilosos na fiscalização de doadores.
Trata-se de recurso da empresa Hidrobombas, de Goiás, punida pelo TRE-GO após doar R$ 478,5 mil nas eleições de 2006.
A empresa argumenta que o Ministério Público não poderia ter solicitado à Receita Federal dados de sua declaração de Imposto de Renda, pois isso caracterizaria quebra de sigilo fiscal. Foi com base nesses dados que o MP propôs a ação.
O julgamento no TSE foi interrompido em outubro, por pedido de vista do presidente do tribunal, ministro Carlos Ayres Britto. O placar estava empatado em 1 a 1. O relator Marcelo Ribeiro defendeu o direito de fiscalização, enquanto o ministro Ricardo Lewandowski entendeu que a quebra do sigilo só poderia ocorrer por ordem judicial.
Até Copa do Mundo compromete Arruda
A mistura de futebol, negócios e política pode comprometer ainda mais o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e seu exchefe de gabinete Fábio Simão.
Acusados de chefiar o mensalão do DEM, eles estão por trás de pelo menos duas transações suspeitas que envolvem a candidatura de Brasília para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. Segundo investigações do Ministério Público do DF, até a seleção brasileira teria sido usada para justificar repasses indevidos com dinheiro público.
Governador ignora parecer para liberar pagamento Documentos obtidos pelo GLOBO mostram que a dupla agiu em conjunto para destinar R$ 9 milhões sem licitação à Ailanto Marketing, a título de promoção do amistoso Brasil x Portugal em Brasília, em 19 de novembro.
‘Tentar fazer Dilma parecer com Lula é ilusão’
Ex-guerrilheiro que militou com Dilma Rousseff contra a ditadura militar e tem com ela uma ligação de 42 anos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) afirma que terá papel de destaque na coordenação da campanha da ministra à Presidência, mesmo que seja candidato ao governo de Minas Gerais.
Ele vincula sua candidatura ao Palácio da Liberdade a uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
E, a despeito disso, já trabalha na construção da candidata à Presidência que se apresentará ao eleitor. Para o petista, a Dilma que emergirá nas eleições presidenciais, a partir de julho (início oficial da campanha), deve ser como ela é, sem tentar esconder a fama de durona nem reproduzir a linguagem do presidente e sua forma de cativar o público.
— Isso de fazê-la parecida com Lula é ilusão. Ela não é operária, não passou fome e não nasceu no Nordeste. Nunca vai ser igual. Se for assim, vai soar falso — avalia Pimentel, que tem se reunido semanalmente com Dilma e integra o “estado-maior” da campanha governista.
À imagem e semelhança de Serra
Reservado, disciplinado, às vezes carrancudo, e dividido entre se deverá ou não deixar o cargo para disputar uma eleição, o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, anda tão à semelhança do governador José Serra (PSDB) que não é difícil ouvir, dentro e fora do ninho tucano, a expressão “carne e unha” quando o assunto gira em torno dos dois. Fiel escudeiro de um tucano reservado, disciplinado, às vezes carrancudo, e que ainda não anunciou se continua governador ou disputa a Presidência, Aloysio está hoje entre os prováveis coordenadores da possível campanha de Serra ao Planalto.
Aloysio vem pavimentando esse caminho. Está sempre à frente das negociações políticas do PSDB em São Paulo. Tem a incumbência — e mais ninguém — de fazer costuras políticas que impulsionem a trajetória de Serra.
Foi Aloysio o responsável por levar deputados do PV para a base do governo.
Ministra: ambição de ‘levar brasileiros ao paraíso’
À vontade na condição de précandidata presidencial, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que uma das maiores e melhores ambições que ela poderia ter é “levar os brasileiros ao paraíso”. Ao lado do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que tenta assegurar a vaga de candidato a vice-presidente em uma chapa com a petista, e com discurso amistoso, em tom diplomático, ela também evitou reforçar a troca de insultos entre PT e o PSDB.
Ontem, durante cerimônia em Rio Claro, no interior de São Paulo, quando assinou o termo de cessão de uso de direito real da faixa de domínio da malha ferroviária do município, Dilma foi elogiada por Temer, que chegou a dizer que a ministra “já levou o brasileiro administrativamente ao paraíso e vai levar politicamente ao paraíso”.
— Concordo em gênero e número com o deputado Michel Temer, e gostaria de muito de levar os brasileiros ao paraíso. Acho uma das maiores e melhores ambições que alguém pode ter — disse a ministra, que chamou Temer de “companheiro incansável”.
Réus do mensalão na direção do PT
As correntes majoritárias do PT definiram ontem, durante reunião em São Roque (SP), que o ex-ministro José Dirceu e os deputados federais José Genoino e João Paulo Cunha serão indicados para fazer parte do novo Diretório Nacional do partido, que assume em fevereiro. Os três são réus na processo do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o mensalão, esquema de compra de votos em troca de apoio político. O trio faz parte da chapa Partido que Muda o Brasil, sob o comando do exdiretor da BR Distribuidora José Eduardo Dutra, que assumirá a presidência do partido.
— Tenho orgulho de estar na chapa de Dirceu e Genoino. Os companheiros estão no pleno gozo de seus diretos partidários e não tem sentido prescindir da experiência e da capacidade política deles — disse Dutra.
Na prática, Dirceu nunca abandonou as articulações políticas. Durante a reunião de ontem também foram discutidas linhas do programa de governo da candidatura de Dilma Rousseff a presidente.
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