Destituído da diretoria financeira da BR Distribuidora, o engenheiro Nestor Cerveró se dispôs a prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional, à Polícia Federal e ao Ministério Público sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. Ex-diretor da área internacional da estatal, Cerveró é apontado como autor do resumo executivo considerado “técnica e juridicamente falho” pela presidenta Dilma que levou a empresa a comprar a unidade no Texas, em 2006. Na época, ela era ministra da Casa Civil e comandava o conselho administrativo da Petrobras, que aprovou o negócio que causou prejuízo bilionário à estatal.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Cerveró enviou ofício aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra. A oposição aposta no depoimento do engenheiro para explorar eventuais contradições na versão dada por Dilma sobre o negócio.
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“Venho informar a Vossa Excelência que estou à disposição da Câmara dos Deputados para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários sobre minha participação, à época, como diretor internacional da aludida estatal, bem como sobre toda a tramitação do processo aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras e, ainda, demais fatos que atestam a lisura do meu procedimento”, diz o ex-diretor da Petrobras, em ofício protocolado ontem (1º) na Casa, informa o repórter Eduardo Bresciani (leia a íntegra da reportagem). Nas cartas endereçadas ao MP e ao PF, ele pede a definição de datas para as oitivas.
Convite aprovado
Na semana passada, a Câmara aprovou convite para Nestor Cerveró explicar a negociação. Em outra frente, o governo acionou sua base aliada no Congresso para barrar a criação de uma CPI para apurar o caso. Cerveró perdeu o cargo de diretor-financeiro da BR Distribuidora no último dia 21, por causa da repercussão do episódio.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Imbassahy (BA), disse que vai pedir à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle que marque para a próxima semana a audiência com o ex-diretor da Petrobras. Imbassahy contou ao Estadão que recebeu ontem, em seu gabinete, o advogado de Cerveró, que reiterou o desejo do executivo de prestar esclarecimentos aos parlamentares.
Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões à empresa belga Astra Oil para adquirir 50% da refinaria. Essa mesma parte havia sido comprada no ano anterior pela companhia belga por US$ 42 milhões. Por força do contrato, em 2008, a estatal brasileira foi obrigada a pagar US$ 820,5 milhões para comprar a outra metade. A transação resultou em um gasto total de R$ 1,18 bilhão para a Petrobras. Em nota ao Estadão, Dilma afirmou que o resumo executivo não continha informações sobre duas cláusulas contratuais que teriam prejudicado a empresa.
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