Sônia Mossri |
Apesar dos estilos diferentes, os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política) e José Dirceu (Casa Civil) têm a mesma avaliação a respeito da crise do PMDB: tudo não passa de uma “chantagem” do partido para obter mais verbas, cargos e um terceiro ministério. Aliás, a palavra “crise” do PMDB é motivo de ironias tanto na Casa Civil quanto na Coordenação Política. Os dois ministros têm repetido a vários parlamentares que não existe “crise”. Salientam, ainda, que o PMDB não teria futuro longe do governo Lula. Enquanto as intrigas continuam no Palácio do Planalto, a emenda constitucional que permite a reeleição na Câmara e no Senado persiste impedindo as votações. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), vai manter a estratégia de fazer o máximo que puder para evitar que a Câmara retome o ritmo normal das votações. Leia também O Congresso em Foco teve informações de que Renan acredita que o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) prepara uma “jogada” para tentar votar a emenda constitucional da reeleição. Essa jogada se chamaria deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). João Paulo estaria contando com o apoio do ex-lider do PMDB na Câmara e atual primeiro secretário da casa. Parlamentares afirmam que Geddel estaria negociando com os dois lados, os defensores da reeleição e os adeptos da renovação. Em entrevista ao Congresso em Foco, Geddel nega esse movimento e afirma que a emenda está deixando o Congresso em situação constrangedora (leia mais). Nenhum líder reconhece oficialmente, mas João Paulo está disparando ligações telefônicas e marcando encontros para pressioná-los a votar a favor da emenda da reeleição. A indefinição do presidente Lula e as rusgas entre os dois ministros palacianos aumentaram a tensão no Congresso. Na manhã da última terça-feira, João Paulo esteve por um longo período com Lula e José Dirceu no Planalto. O silêncio oficial sobre essa reunião fez crescer a suspeita de que Lula continuaria patrocinando a reeleição. Lembranças de Collor Parlamentares veteranos não resistiram ao clima de desalento que tomou conta da Câmara e foram unânimes em afirmar que já viram esse filme antes, durante o governo Fernando Collor de Mello. Com mandato nos últimos vinte anos, esses parlamentares afirmam que o modo pelo qual são tratados pelo governo Lula, com indiferença e descrédito, somente se compara à gestão Collor de Mello. Deputados do PMDB, PTB, PP e PL lembram que os governos Collor e Lula reduzem o papel do Congresso, como se fosse possível governar e conservar uma aliança sem dialogar com o Legislativo. O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), concorda com os colegas da base aliada. “A base está querendo consideração. O Mantega (ministro do Planejamento) não entende nada de Congresso. Deveria ajudar no diálogo. Não dá para continuar trabalhando do jeito que está”, observou. Aleluia avalia que Lula ainda não percebeu que tem minoria no Congresso e precisa de outros partidos para governar. “Eles (o PT) estão destruindo a aliança”, disse o líder do PFL na Câmara. Com a base em rebelião, nem o PFL nem o PSDB pretendem dar quórum para votações na Câmara. A estratégia já está acertada entre os dois partidos. Aleluia avisa que a oposição quer acertar uma pauta definida com o presidente da Câmara e o colégio de líderes. O PFL não abre mão de reajustar a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, é contra a criação do Conselho Federal de Jornalismo e quer analisar o mérito das MPs que congestionam a pauta da casa. |
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