A demanda da PGR se baseia em documentos fornecidos pelo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, com informações a respeito das brigas e discussões entre Pedro Paulo e sua ex-mulher. O caso tramita sob sigilo judicial por se tratar de questão de esfera privada do casal, a despeito do posto público ocupado pelo acusado.
Caberá ao ministro do STF Luiz Fux, escolhido relator do caso, decidir se o processo irá adiante. Em hipótese de aceitação do pedido, um inquérito será instaurado contra Pedro Paulo na corte máxima.
Escândalo incômodo
Os primeiros rumores sobre a agressão de Pedro Paulo à ex-mulher tiveram início em 2008 e ganharam destaque no noticiário em 2010 – quando eles ainda eram um casal –, com reportagem publicada pela revista Veja em outubro. Desde então, a realização do desejo de Paes em emplacar seu sucessor passou a ser ameaçada. O prefeito garante que manterá sua escolha.
Como este site mostrou em 30 de janeiro, a vendeta doméstica se somou às dificuldades financeiras da própria gestão peemedebista e produziu uma espécie de “inflação” no pleito municipal, com o surgimento de cerca de dez prováveis candidatos à sucessão de Paes. A análise é da própria direção do PMDB fluminense. O presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, reconhece que a acusação pela Lei Maria da Penha é o grande desafio que Pedro Paulo terá de encarar.
“É algo que não subestimamos e achamos grave. Mas cabe ao Pedro responder a isso, e ele tem vantagem de conseguir perdão público da ex-mulher. Não esperamos flores dos adversários, mas sabemos como a população do Rio é generosa e respeita aquele que tem humildade de pedir perdão”, afirmou.
Contra Pedro Paulo pesam duas denúncias de agressão à ex-mulher, uma registrada em 2008 e outra em 2010. Em depoimento à Polícia Civil, Alexandra Marcondes relatou que foi agredida com chutes, socos e agarrões no pescoço. Laudos do Instituto Médico Legal (IML) obtidos pelo jornal O Globo mostram que exames de corpo de delito de Alexandra comprovaram as agressões. No mesmo documento, Pedro alega também ter sido vítima de agressões durante a briga, mas ele nunca prestou depoimento em delegacia.
Panos quentes
Depois de instalada a polêmica, Pedro Paulo tentou minimizar a questão da agressão à mulher, em coletiva de imprensa concedida em novembro de 2015. “Quem não tem uma briga, um descontrole? Quem não exagera em uma discussão? A gente, às vezes, exagera, fala coisas que não deve. A gente perde o controle e tem discussões”, justificou.
Naquela ocasião, Alexandra o defendeu na presença do atual marido e da atual mulher do secretário. “Não confundam as coisas. Pedro nunca foi agressivo. Qualquer casal tem brigas. Quem estava entre quatro paredes era eu e ele. As pessoas erram, e eu vim dar a cara à tapa. Erramos e superamos isso. Viramos essa página”, declarou Alexandra, em relato que conflita com depoimento que deu à polícia na primeira ocorrência de agressão, em 2008.
Nesse registro, Alexandra disse que discutiu com Pedro Paulo dentro de um carro do casal, na presença da filha (então com dois anos), e declarou ter sido xingada e recebido socos no corpo e no rosto. Já um laudo do exame de corpo delito referente a uma briga de 2010, obtido pela revista Veja, demonstra que ela teve o pescoço violentamente apertado, arremessada contra uma parede e, uma vez caída no chão, atingida com chutes.
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