A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta segunda-feira (4) o ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos membros do chamado “quadrilhão do PMDB”, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. A acusação é referente ao montante encontrado em um apartamento atribuído a Geddel em Salvador (BA), onde foram encontrados malas e caixas recheadas de dinheiro vivo, em um total de R$ 51 milhões, no que viria a se constatar como a maior quantia apreendida na história da Polícia Federal. O “bunker de Geddel”, como o local passou a ser chamado na imprensa a partir de setembro, estremeceu o governo Michel Temer, que já estava às voltas com denúncias da PGR.
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Geddel era um dos principais aliados do presidente Michel Temer até novembro de 2016, quando deixou a Secretaria de Governo sob acusações de acusado de pressionar o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um residencial em área nobre tombada em Salvador. Naquela ocasião, Geddel, que tinha adquirido um apartamento no prédio, era o sexto ministro a deixar o governo em seis meses de gestão peemedebista.
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Além de Geddel, que era chamado de “suíno” pelo artista Renato Russo (1960-1996), também foram denunciados o irmão de Geddel, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA); a mãe de ambos, Marluce Vieira Lima; o ex-assessor parlamentar Job Ribeiro, que prestava serviços a Lúcio e agora cobra parte dos salários que lhe era confiscada; o ex-diretor da Defesa Civil de Salvador Gustavo Ferraz; e um dos sócios da empresa Cosbat Luiz Fernando Costa Filho.
A Polícia Federal conclui na última semana as investigações sobre o esquema de corrupção e a participação de cada um dos suspeitos. No documento, a PF elenca as razões que a levam a crer que o dinheiro tem origem ilícita e esconde malfeitos.
“Não é crível que uma pessoa dispusesse da absurda quantia se não houvesse o propósito de ocultar a sua existência. Nem que duas figuras públicas com a inteligência do parlamentar Lúcio Vieira Lima e seu irmão Geddel, além de sua mãe, deixassem de auferir rendas se este valor estivesse devidamente declarado e formalmente inserido no sistema financeiro nacional”, diz trecho da conclusão do inquérito.
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Origem
A partir do inquérito, a PGR indica quatro fontes que teriam abastecido o bunker do ex-ministro, onde foram encontradas suas digitais, as de Job Ribeiro e as de Gustavo Ferraz: dinheiro irregularmente movimentados por peemedebistas; repasses de Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB em esquemas ilícitos; propina da Odebrecht, empresa-pivô do escândalo de corrupção descoberta pela PF na Petrobras; e apropriação indevida de salários de assessores, como foi o caso de Job.
Ainda segundo a PF, Geddel é o dono do dinheiro, mas o apartamento foi cedido pelo irmão Lúcio, que tem diminuído sua atuação parlamentar desde que as denúncias vieram à tona. Já Job tenta fechar delação premiada e obteve da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a permissão para deixar a cadeia e, uma vez livre, reunir provas que deem sustentação às suas declarações. Entre outras coisas, o ex-assessor disse que cumpriu ordens como contar o dinheiro, destruir parte de documentos incriminatórios e até dar fim a provas utilizando vaso sanitário.
Desde a descoberta do bunker, mantém-se no radar do governo a possibilidade de que Geddel firme acordo de delação premiada com o Ministério Público, o que atingiria Temer e outros membros da cúpula peemedebista. Mas, mesmo depois de meses de prisão, o ex-ministro jamais falou sobre o montante encontrado em Salvador ou deu qualquer declaração sobre as inúmeras investigações que têm a cúpula do governo como alvo. Além de Geddel, Temer e Lúcio, outros peemedebistas estão na mira da Operação Lava Jato, como os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) – homem forte de Temer no Congresso e um dos parlamentares mais enrolados na Justiça.
Mas, além da origem ilícita do dinheiro do bunker, relatório encomendado pela PF ao Banco Central indica que quase todas as cédulas de dólar e real rastreadas vieram de cofres do Banco do Brasil em São Paulo, entre 2012 e 2015. Mas, fisicamente, não se sabe de qual agência, especificamente, o dinheiro era retirado, o que continua sob investigação.
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