A Polícia Federal investiga o possível envolvimento do ex-ministro José Dirceu na tentativa de compra, por pessoas ligadas ao PT, de um dossiê que vincularia os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin à máfia das ambulâncias. O petista refutou hoje as acusações e disse que a divulgação precipitada de nomes só contribui para a "partidarização do caso".
Ontem, a PF informou ter identificado dois telefonemas trocados entre um dos acusados de envolvimento na compra dos documentos e uma pessoa "conhecida e importante". A ligação ocorreu dias antes do escândalo do dossiê vir à tona, no dia 15 de setembro. Os agentes preferiram, porém, não revelar nomes até aprofundar a apuração sobre o caso.
Hoje, as primeiras informações apontaram que o novo personagem seria um ex-presidente do PT. O presidente afastado da legenda, Ricardo Berzoini, divulgou nota para afirmar que não tinha ligação com o caso. No início da noite, a PF confirmou que os telefonemas entre Dirceu, que já presidiu o partido, e Jorge Lorenzetti, ex-integrante da campanha presidencial do PT e acusado de envolvimento na tentativa de compra do material.
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O advogado do ex-ministro, José Luis de Oliveira Lima, confirmou que ele conversou por telefone com Lorezentti próximo ao dia 15 de setembro. Segundo o advogado, Lorenzetti telefonou para Dirceu mas não conseguiu completar a ligação. Três horas depois, o petista retornou a ligação. A conversa teria durado três minutos. O advogado também afirmou que Dirceu não se lembra o conteúdo da conversa, mas garante que não foi sobre o dossiê.
Em seu blog na internet, o ex-ministro rebateu a suspeita e disse que não teve qualquer envolvimento no episódio. "Não tenho nada a declarar, até porque não fui demandado por nenhuma autoridade. De minha parte, repilo a onda de boatos que tem tomado conta do país, aguardo com serenidade as investigações e reafirmo que não temo nada porque não devo nada", afirmou.
A notícia gerou reações na CPI dos Sanguessugas. O sub-relator da comissão, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que o fato pode ajudar a esclarecer o caso e pediu que a PF identifique rapidamente o novo personagem.
"A troca de telefonemas significa que essa pessoa tem que ser investigada e pode ser uma das fontes da origem desses recursos ilícitos", afirmou o parlamentar, referindo-se aos R$ 1,7 milhão – parte deles em dólar – que seriam usados para comprar os documentos e cuja origem a PF ainda não conseguiu identificar.
O delegado da PF Diógenes Curado, responsável pela investigação do escândalo do dossiê, disse hoje que não pretende ouvir, por enquanto, o ex-ministro José Dirceu. No entanto, Diógenes Curado confirmou que deve ouvir o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), cujo ex-assessor Hamilton Lacerda é apontado como o responsável por levar o dinheiro para Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos em um hotel da capital paulista no dia 15 de setembro com R$ 1,7 milhão. Contudo, o delegado não revelou quando pretende colher o depoimento do senador petista.
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