O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro pediu ontem à Polícia Federal a abertura de um inquérito policial para investigar as empresas que fizeram doações para a pré-campanha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) à presidência da República.
De acordo com reportagens dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, algumas empresas tinham endereços falsos e, em pelo menos uma delas, o sócio ouvido admitiu ter feito o papel de laranja. A soma doada chega a R$ 650 mil. De acordo com o Ministério Público, a PF deve apurar se as empresas cometeram crime de falsidade ideológica.
Um dos doadores da pré-campanha, José Onésio Rodrigues Ferreira foi preso no mesmo dia em que fez a doação de R$ 50 mil. Em 17 de fevereiro deste ano, José Onésio, que figura como sócio da empresa Virtual Line, estava trabalhando na banca de jornal que arrendava em São Cristóvão quando foi levado por policiais da Draco (Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas). Acusado de assalto à mão armada e condenado a cinco anos e seis meses, estava foragido da Justiça desde 1992.
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A história de Onésio,cuja prisão foi relatada em reportagem da “Folha de S.Paulo”, foi contada em detalhes ontem pelo advogado, Pedro de Alcântara Moreira, que afirma que seu cliente foi usado como laranja.
“Ele foi o que a gente costuma chamar de boi de piranha. Qualquer pessoa que conversar com ele vai ver que é uma pessoa muito simples, não tem a menor condição de ter feito uma doação dessa. E o mais incrível é que no dia em que a empresa supostamente fazia a doação ele foi preso”, disse o advogado, que estava revoltado.
Pressionado pelo Ministério Público, Garotinho anunciou ontem que decidiu devolver o dinheiro. Ele frisou que não havia qualquer irregularidade nas doações, mas que decidiu fazer a devolução para dissipar qualquer dúvida sobre a origem do financiamento de sua campanha. O diretório do PMDB do Rio de Janeiro informou, em nota, que “as doações foram feitas de forma legal com cheques nominais ao partido, em conta específica, conforme determina a lei”.
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