O ex-ministro Tarso Genro e o secretário-geral do PT, Raul Pont, reagiram com indignação às críticas dirigidas a eles pelo ex-deputado José Dirceu (PT-SP), em entrevista publicada ontem pelo Estadão. “A declaração de Dirceu reflete o seu caráter autoritário e antidemocrático, caráter esse que foi responsável pelos nossos erros e derrotas e pelo desastre do governo”, disse Pont.
Em entrevista ao jornalista Reali Jr, Dirceu disse que o PT é uma página virada em sua vida, que permaneceria no partido, mas não se envolveria nas discussões internas por causa das divergências com alguns petistas. “Ficar no PT para ouvir os discursos do Tarso e do Raul não dá”, disse o ex-ministro da Casa Civil, que está em Paris, onde prepara com o escritor Fernando Morais o livro que contará sua experiência de 30 meses no governo Lula.
“Acho que ele deveria ouvir mais o Paulo Coelho e aproveitar as lições de tolerância dele”, ironizou Tarso Genro. Dirceu passou o réveillon na casa de Coelho, no sul da França. O ex-ministro da Educação disse ainda que integra, no PT, um grupo que tenta “suprimir atitudes” como a que tomou o ex-chefe da Casa Civil. “Acho que, neste momento, temos que ouvir o que as pessoas têm a dizer e não criar obstáculos ao debate”, completou o ex-presidente do partido.
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Para o ex-presidente do PT, Dirceu vive uma situação de “depressão política” e sua fala resume a postura que teve quando na presidência do partido. “Essa postura é negativa para o momento que o partido está vivendo”, comentou.
Já o atual secretário-geral do partido foi além e apontou Dirceu como responsável por tudo o que aconteceu de ruim no partido. “Ele quis impor no PT a sua linha autoritária. Foi ele quem possibilitou o surgimento, para a política, de figuras como o Delúbio Soares (ex-tesoureiro) e Silvio Pereira (ex-secretário)” acusou.
Pont disse mais: “Dirceu afundou o governo com sua política equivocada de alianças. Foi ele quem procurou o PL, o PP, o PTB e outros, e fez alianças políticas à direita”.
Na avaliação dele, “Dirceu é antidemocrático, autoritário, não aceita a pluralidade. Durante mais de dez anos nós, da esquerda, fomos minoria no partido e nos comportamos dentro do nosso espaço. Agora, que estamos na direção, ele rejeita essa mudança”.
O ex-prefeito de Porto Alegre disse ainda que não ficará nem um pouco insatisfeito se Dirceu sair do PT. “Se ele quiser mudar, que mude. Se ele acha que o PT já passou, eu não penso assim. Nem eu nem os petistas. Nós vamos ficar no PT para continuar a luta pela grandeza do partido”, afirmou Pont.
Até o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), que se empenhou pela absolvição de Dirceu, demonstrou irritação com as declarações do ex-ministro da Casa Civil. “Acho que a manifestação de Dirceu foi extremamente infeliz, equivocada e injusta.”
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