Poucas horas após prender o empresário Wesley Batista, irmão de Joesley Batista, a Polícia Federal, em entrevista coletiva para detalhar a operação desta manhã (quarta-feira, 13), afirmou que os irmãos, donos da Holding J&F, possuem “personalidade voltada para a prática de crimes” e, por isso, a necessidade da prisão preventiva. A ação de hoje faz parte dos desdobramentos da Operação Tendão de Aquiles, deflagrada em junho.
Wesley é investigado por manipulação do mercado financeiro. A suspeita é de que o grupo obteve lucro com a venda de dólares às vésperas da divulgação da delação premiada. A prisão preventiva, sem data para acabar, foi determinada pela Justiça Federal de São Paulo. A J&F, seus controladores e outras empresas do grupo são investigadas por uso de informação privilegiada. A JBS confirmou que comprou dólar no mercado futuro horas antes da divulgação de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que trouxe ganhos à empresa.
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De acordo com a PF, os irmãos teriam praticado o chamado “insider trading”, que é o uso de informações privilegiadas para lucrar na venda ou na compra no mercado financeiro. O delegado da PF Rodrigo de Campos Costa disse que em 17 de maio, um dia antes do vazamento da delação à imprensa, US$ 454 milhões de dólares foram movimentados em ações. Eles efetivamente trabalhavam com a perspectiva do conhecimento público da delação.
A divulgação do acordo de delação teve um impacto grande no mercado, com valorização de 9% do dólar e queda de 8,8% do Ibovespa. Os papéis da JBS tiveram índice de desvalorização de 33%. O prejuízo evitado foi de R$ 138 milhões. Para os delegados, os donos da J&F abalaram a confiança do mercado.
O delegado ressaltou ainda que o prejuízo maior acabou ficando com os demais acionistas e, inclusive, o governo federal, via BNDES. Vitor Hugo Rodrigues afirmou que, diante do fato, o crime foi praticado por pessoas que, ao cometê-los, já estavam sob investigação e tinham procurado as autoridades comprometendo-se a “parar de delinquir”. “Estamos lidando com pessoas que têm a personalidade voltada para a prática de crimes”, disse Alves.
Durante a coletiva, os delegados lembraram que os irmãos Batista corromperam mais de mil agentes públicos e políticos, depois procuraram as autoridades para colaborar e, mesmo depois disso, seguiram cometendo crimes. A prisão preventiva foi decretada com base na garantia da “ordem pública e da Ordem econômica”. Os irmãos eram investigados em seis operações quando procuraram as autoridades para fechar o acordo de colaboração premiada.
Ainda nesta quarta-feira (13) Wesley vai passar por audiência de custódia com o mesmo juiz que decretou sua prisão preventiva. Após ser ouvido pelo magistrado, ele deve ser encaminhado para alguma penitenciária estadual. A data de transferência e o local exato vai depender da disponibilidade de vagas no sistema prisional paulista. A PF não soube informar se Wesley possui ensino superior para ter direito a cela especial na cadeia.
Joesley Batista está preso desde domingo (10), em Brasília. Caso a PGR peça prorrogação da prisão temporária ou a prisão preventiva dele, o empresário permanecerá detido na capital. Do contrário, diante da prisão preventiva expedida pela Justiça de São Paulo, Joesley seguirá para a cadeia na capital paulista.
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