O calendário eleitoral e o agravamento da crise política obrigarão o presidente Lula a promover uma minirreforma eleitoral esta semana. Pelo menos seis dos 35 ministros devem se desligar do governo até a próxima sexta-feira (31), quando termina o prazo para aqueles que pretendem disputar as eleições de outubro se desincompabilizarem de seus cargos. O grupo pode aumentar caso se confirme a saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
O desligamento de Palocci do cargo se tornou praticamente inevitável depois que a Polícia Federal colheu indícios da participação da assessoria do ministro no vazamento dos dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Os mais cotados para assumir a pasta são o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Caso deixe o ministério esta semana, Palocci ainda poderá concorrer a uma vaga na Câmara nas eleições de outubro.
De olho numa cadeira no Congresso ou nos governos de seus estados, devem entregar suas pastas o vice-presidente José Alencar (Defesa), Alfredo Nascimento (Transportes), Saraiva Felipe (Saúde), Ciro Gomes (Integração Nacional), José Fritsch (Pesca) e Jaques Wagner (Relações Institucionais). Agnelo Queiroz (Esportes) também pode deixar o cargo para concorrer ao governo do Distrito Federal.
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A manutenção da regra da verticalização eleitoral, que obriga os partidos a reproduzirem nos estados as alianças feitas em plano nacional, e as disputas internas nos estados e nas próprias legendas, são os principais complicadores para a movimentação desse xadrez político.
Com a saída de Wagner, que vai disputar o governo da Bahia, Lula perde um de seus principais coordenadores políticos. Os mais cotados para ocupar a vaga do baiano são o governador do Acre, Tião Viana (PT), e o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT). Mas, para que isso ocorra, o escolhido terá de abrir mão de suas pretensões eleitorais este ano, o que pode obrigar Lula a recorrer a uma terceira opção. Déda é favorito na disputa ao governo de Sergipe, e Viana tem eleição quase certa para o Senado.
Uma alternativa para o cargo seria o ex-ministro da Educação Tarso Genro, também cotado para assumir o Ministério da Defesa. Genro deixou o governo no meio do ano passado para comandar o processo de transição da antiga direção do partido, derrubada pelo escândalo do mensalão. O ex-governador gaúcho, no entanto, enfrenta resistência de parte do PT por ter feito duras críticas à gestão anterior da legenda.
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