Reportagem da Folha de S. Paulo diz que ao menos 20 deputados eleitos em outubro devem trocar de partido antes mesmo de serem empossados, no próximo dia 1º de fevereiro. O número, preliminar, pode chegar a 28, numa conta menos conservadora.
O fenômeno não é novo nem ilegal. Em 2003, 37 dos 513 deputados federais eleitos mudaram de legenda entre a eleição e a posse. O fluxo, observa o jornalista Fernando Rodrigues, é sempre dos partidos de oposição em direção aos que compõem hoje a coalizão do governo Lula.
Levantamento feito pelo Congresso em Foco em dezembro mostrou que, entre 2003 e 2006, 193 deputados e 15 senadores mudaram de legenda. Na Câmara, 70 parlamentares o fizeram ao menos duas vezes. Dois deles até seis vezes (leia mais).
Da oposição para o governo
Os três principais partidos oposicionistas (PSDB, PFL e PPS) elegeram 153 deputados. Nos bastidores do Congresso, a estimativa é de que essas agremiações fiquem com apenas 134 cadeiras no mês que vem, quando começam a ser nomeados os novos ministros.
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O PR (sigla derivada da união do PL e Prona), que conquistou 25 vagas na Câmara nas últimas eleições, é o partido que mais avançou nas negociações para atrair deputados. Deve ganhar pelo menos mais de nove cadeiras até o dia 1º. Outros sete deputados devem migrar para o PP.
As maiores defecções devem ocorrer no PFL, partido que ficou sem governadores em estados fortes pela primeira vez desde a sua criação, nos anos 80. A única unidade da federação a ser comandada pelo PFL é o Distrito Federal, com o ex-deputado e ex-senador José Roberto Arruda.
“Sem governadores, muitos deputados federais ficam com poucos atrativos para permanecerem no PFL. Não têm facilidades locais e sofrem também no plano federal, dominado pelo PT. Por essa razão, a Folha conseguiu identificar nove pefelistas como potenciais defecções para a legenda em fevereiro – uma queda de 14% sobre o total de 65 eleitos em outubro”, diz a reportagem.
Por ter conquistado governos estaduais relevantes, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o PSDB deve ter menos perdas do que o PFL. Dos 66 tucanos eleitos, a expectativa é que cinco deixem a legenda.
O PPS, por ser menor e recentemente ter enfrentado a saída do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, pode ter sua bancada reduzida de 22 para 17 cadeiras – queda de quase 23%.
“A migração entre partidos antes da posse poderia ser ainda maior se um dos atrativos principais para o troca-troca não tivesse sido eliminado. Tratava-se da contagem do tamanho das bancadas na data da posse para distribuição de tempo de TV, dinheiro do fundo partidário e de cargos em comissões permanentes na Câmara. Agora, só vale a bancada do dia da eleição. O chamariz para o inchaço artificial das siglas passou agora a ser só a promessa de cargos e trânsito no governo para liberação de emendas do Orçamento”, diz a Folha.
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