O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) anunciou agora há pouco em plenário que seu colega Pedro Simon (PMDB-RS) teria aceitado concorrer à vaga deixada por Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. O petista, que distribuiu hoje (6) uma espécie de “lista de adesão” (veja abaixo) a favor da indicação de Simon para o posto, teria confirmado por telefone a aceitação do senador gaúcho.
Mas a tarefa não seria das mais tranqüilas. Suplicy recebeu de duas mulheres – as senadoras Ideli Salvatti (PT-SC) e Roseana Sarney (PMDB-MA) – um conselho importante: não levar adiante a idéia da coleta de assinaturas. Entretanto, segundo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que apresentou hoje a lista a repórteres, Simon declarou que só aceitaria disputar a eleição se fosse indicado pelo partido.
Cristovam disse ainda que, caso o PMDB não indique Simon, o próprio senador gaúcho poderia lançar candidatura paralela. Ou, em último caso, um candidato da oposição poderia ser indicado pela turma do "abaixo-assinado".
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Talvez Ideli e Roseana, valendo-se do eficiente sexto sentido feminino, tenham antevisto que a atitude de Suplicy pudesse gerar algum tipo de “ciúme” entre os senadores da bancada peemedebista. Afinal, a cada vez mais provável candidatura do senador Pedro Simon para a presidência do Senado deixou, hoje, tensas as discussões em plenário.
"Cuide de seu partido!"
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) reagiu com indignação à suposta “interferência” de Suplicy em tentar “indicar” um nome à presidência da Casa. Em aparte, disse que, “em nome do PMDB”, não aceitaria “interferências inoportunas”.
"Eduardo Suplicy cometeu o pecado de se imiscuir nos assuntos internos do PMDB. Ele não pertence à bancada do PMDB. Se ele quiser, pode assumir uma ficha de filiação ao partido, que provavelmente será aceito", bradou. "Ele não pode meter o ‘bedelho’ nos assuntos do partido."
Os ânimos ficaram ainda mais exaltados quando a senadora Patrícia Sabóya (PDT-CE), em aparte no plenário, defendeu Eduardo Suplicy e, conseqüentemente, a indicação de Pedro Simon para a presidência. "Vá cuidar de seu partido!", vociferou, visivelmente nervoso e aos gritos, Almeida Lima, saindo do plenário em seguida.
Almeida Lima comentou ao Congresso em Foco o episódio. "Há um desejo de tentar tumultuar o processo interno dentro do PMDB, e o partido não vai aceitar esse tipo de procedimento do senador Eduardo Suplicy", disse. Questionado se Pedro Simon lançaria a candidatura, o senador foi sucinto. "Não sei. Ele teve a oportunidade de fazê-lo, e não fez. Ainda tem a oportunidade, até a próxima terça-feira."
"Bobagem"
Ao Congresso em Foco, a senadora Patrícia Sabóya disse que a reação de Almeida Lima é injustificada, uma vez que Pedro Simon pertence ao seu partido e os dois não vão concorrer entre si (Almeida não é candidato). "É uma grande bobagem. Se nós vamos votar em um candidato do PMDB, temos o direito de dizer quem é mais conveniente, e o senador Pedro Simon é uma unanimidade nesta Casa, pelo seu talento, seu compromisso, sua seriedade e honestidade", contemporizou a senadora.
Para Patrícia, Almeida parece discordar da indicação de Simon. "O que Almeida Lima fez, na verdade, foi um veto ao senador Pedro Simon, o que todos nós lamentamos bastante", disse, lembrando que subscreveu a lista de adesão à candidatura do senador gaúcho.
"Acredito que o Senado precisa ser respeitado como a instituição que sempre foi. Pedro Simon – e não só ele – tem um papel importante aqui dentro, de resgatar a importância do Senado. Não sei qual vai ser a resistência. Só lamento que uma pessoa do próprio PMDB esteja vetando uma das pessoas mais sérias deste Senado e da política brasileira", completou Patrícia.
Precursor
Mão Santa (PMDB-PI) foi o primeiro a sugerir o nome de Pedro Simon para presidir o Senado, e adiantou a idéia ontem (5), na reunião da liderança do PMDB. "Ele tem de ir ao Raupp [Valdir Raupp, líder do PMDB no Senado] e, corretamente, seguir as regras, que determinam que o próprio candidato deve se inscrever", disse Mão Santa à reportagem. "Mas ele [Simon] não veio hoje…", lamentou.
A indicação de Pedro Simon, que ganhou muita força hoje, tem o respeito dos próprios concorrentes na bancada peemedebista. "O senador Pedro Simon é um dos melhores quadros do PMDB, e vai enriquecer muito a disputa interna", disse Valter Pereira (PMDB-MS), um dos quatro candidatos anunciados ontem. (Fábio Góis e Rodolfo Torres)
Confira a lista de adesões a Pedro Simon
Ademir Santana (DEM-DF)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Augusto Botelho (PT-RR)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Eliseu Rezende (DEM-MG)
Flávio Arns (PT-PR)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Gerson Camata (PMDB-ES)
Jayme Campos (DEM-MT)
João Durval (PDT-BA)
José Nery (Psol-PA)
Lúcia Vânia (PSDB-GO)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Mário Couto (PSDB-PA)
Marisa Serrano (PSDB-MS)
Osmar Dias (PDT-PR)
Patrícia Sabóya (PDT-CE)
Paulo Paim (PT-RS)
Romeu Tuma (PTB-SP)
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Tarso Jereissati (PSDB-CE)
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