Com uma bancada de 10 deputados em exercício, o Partido Comunista do Brasil formalizou na quarta-feira (1º) a participação no bloco parlamentar junto com PT e PDT para apoiar a candidatura do deputado André Figueiredo (PDT-CE) à presidência da Câmara. Junto com as duas outras legendas, os comunistas formam uma aliança de 92 parlamentares. Apesar de compor o grupo, os deputados do partido votarão em bloco nas eleições internas desta quinta-feira (2) a favor da reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“Nenhum deputado ou deputada do partido deixará de votar em Rodrigo Maia”, garantiu o líder da bancada, Daniel Almeida (BA). Nem mesmo as deputadas Alice Portugal (BA) e Jandira Fegalli (RJ), que se posicionaram contra o apoio a Rodrigo Maia desde a sua eleição em maio para o mandato tampão para substituir o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – o ex-presidente da casa cassado e preso pela Operação Lava Jato -, votarão em André Figueiredo, segundo Daniel Almeida. Mas o voto é secreto.
“Nós não fechamos questão sobre o assunto, mas conversamos muito com elas e todos nós vamos votar em Rodrigo Maia”, informou o líder da bancada comunista. Assim, conclui-se que a participação do PCdoB no bloco de oposição é apenas virtual. A bancada engrossa as estatísticas da Câmara, ajuda os oposicionistas a sonharem com uma vaga sem poder algum de suplente da Mesa Diretora – que será entregue à maior bancada do bloco, a do PT – e a ocupação de alguma comissão permanente sem grandes importâncias.
A paixão do PCdoB por Rodrigo Maia tem explicação. Filho do ex-comunista do PCB Cezar Maia, hoje vereador do Rio de Janeiro pelo Democratas, o presidente da Câmara defende teses liberais para a gestão pública, uma espécie de antípoda ideológico do que prega o PCdoB. Mas foi Maia, em duas oportunidades, que impediu o desaparecimento da bancada comunista no Senado e na Câmara.
Quando foi relator da reforma política pela primeira vez, em 2007, Maia resistiu às propostas de vários colegas de propor a cláusula de barreira para admitir apenas partidos com um mínimo de parlamentares para ter acesso ao fundo partidário – o dinheiro que mantém os partidos políticos – e direito a lançar nomes para cargos majoritários e, até mesmo, para os cargos nos legislativos municipais, estaduais e o Congresso Nacional. Rejeitou a restrição em nome da tradição do PCdoB.
Em 2015 Maia voltou a ser relator da reforma política. Ele substituiu o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) que defendia a reinserção da cláusula de barreira na lei e a proibição aos pequenos partidos de participar de debates na TV durante as eleições. Estas duas regras acabariam com a representação parlamentar que, na década de 1970, organizou a Guerrilha do Araguaia, o movimento rural armado instalado na região do hoje estado do Tocantins e que pretendia derrubar a ditadura militar.
O PC do B ficou ainda mais agradecido a Rodrigo Maia quando ele, ao substituir Eduardo Cunha, engavetou os vários pedidos de instalação da CPI para investigar o uso de verbas públicas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade dirigida pelo PCdoB desde que foi reconstruída, em 1979.
Os comunistas poderiam compor, formalmente, o bloco de apoio a Maia e garantir um lugar de suplente na Mesa Diretora. No entanto, preferiu se alinhar à oposição de olho na ocupação de cargos nas comissões permanentes que a oposição tem direito e na manutenção do discurso de oposição ao governo Michel Temer que faz para a o público externo. “Quando querem nos aniquilar, precisamos ter uma saída alternativa”, explica o líder da bancada.
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