Mário Coelho
O governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), disse na manhã deste domingo (14) ser o “alvo preferencial” neste momento na crise política que assola a capital do país. “Eu sei que sou o alvo preferido, talvez até da imprensa, para desestabilizar o GDF”, afirmou aos jornalistas após vistoriar as obras de ampliação do Hospital de Base, principal unidade de saúde de Brasília. Paulo Octávio assimiu o governo na quinta-feira (11) com o afastamento e prisão do titular do cargo, José Roberto Arruda (sem partido).
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Na tentativa de sair da mira dos oposicionistas e da Polícia Federal, Paulo Octávio anunciou também que os contratos com as empresas suspeitas de financiarem o esquema de propina envolvendo membros do Executivo e do Legislativo, conhecido como mensalão do Arruda, serão revistos. Em troca, as empresas, de acordo com o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, recebiam contratos polpudos com o governo do DF. Alguns até sem precisar passar por licitação, com serviços contratados em caráter emergencial.
As empresas Sangari, Infoeducacional, Unirepro, Vertax, Adler e Linknet são as principais suspeitas de fazerem parte do mensalão do Arruda. Em dezembro, o Congresso em Foco mostrou que elas disputam mais de R$ 505 milhões do Orçamento do DF para 2010. As prestadoras de serviço estão no páreo para abocanhar verbas em oito áreas diferentes do governo do DF. A previsão está na Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada a toque de caixa em 15 de dezembro. Na época, a assessoria de imprensa do GDF negou que os contratos fossem passar por revisão.
De acordo com a edição de hoje do jornal Correio Braziliense, o ex-secretário de Governo José Humberto Pires foi alvo de um dos 21 mandados de busca e apreensão cumpridos ontem (13) pela Polícia Federal. Ligado a Paulo Octávio, Pires é citado como um dos sócios da construtora Conbral, que faz parte do consórcio responsável pela construção do residencial Ilhas do Lago, às margens do Lago Paranoá. A Paulo Octavio Empreendimentos, de propriedade do governador em exercício, fez parte do mesmo grupo empresarial.
“José Humberto é uma pessoa séria e competente, com quem minhas empresas já tiveram negócios, o que seria uma forma de me atingir”, afirmou o governador em exercício. Hoje ele voltou a afirmar que pediu aos secretários que coloquem seus cargos à disposição e também publiquem as contas e obras na internet. “Tenho que ser transparente porque a situação é temporaria, é um momento difícil na vida política de Brasília e a cidade não pode parar”, disse Paulo Octávio.
Paulo Octávio, ao ser questionado sobre a apreensão de recidos do DEM na residência oficial de Águas Claras, disse que não tem conhecimento da operação da PF de ontem. “Mas coloco a estrutura administrativa para contribuir com a Justiça”, afirmou. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, agentes federais apreenderam durante a Operação Caixa de Pandora recibos de doações ao DEM, assinados pelo tesoureiro nacional do partido, no anexo da residência oficial do governador. As doações foram feitas por empresas com interesses em negócios no Distrito Federal.
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