O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, acaba de fazer um pronunciamento no plenário da Câmara negando qualquer envolvimento em um suposto esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Por meio da Operação Santa Tereza, a Polícia Federal (PF) prendeu 13 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha, entre elas um ex-assessor de Paulinho, João Pedro de Moura. A PF investiga indícios de que o deputado tenha sido beneficiado em R$ 325 mil de propina em troca da liberação de um empréstimo do BNDES à prefeitura de Praia Grande (SP).
Paulinho da Força começou o discurso de defesa dizendo que demorou “um pouco” para se pronunciar sobre o assunto porque estava envolvido com as festividades do Dia do Trabalhador (1º de maio). De acordo com o parlamentar paulista, a denúncia é inconsistente. Com um relatório da PF em mãos, na qual estão registrados o nome “Paulinho” e as iniciais PA – que, segundo a polícia, “possivelmente” podem se referir a ele –, ele disse ter consultado “um dos mais renomados advogados do país” para discutir o documento.
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“O relatório da PF tem três menções, e lá está escrito que ‘possivelmente’ seriam do deputado Paulo Pereira da Silva. Levei o relatório a um dos advogados mais renomados do país e perguntei: o que tem contra mim? E ele disse: nada”, relatou Paulinho, queixando-se de que, a partir da divulgação do relatório para a imprensa, ele virou “suspeito, criminoso”. “Pautei minha vida na luta e na defesa do direito dos trabalhadores.”
Voltando-se aos seus colegas de Parlamento, o deputado disse que, assim que concluísse o discurso, iria encontrar o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para pedir a quebra dos próprios sigilos fiscal, bancário e telefônico, e que estaria à disposição da corregedoria da Câmara para quaisquer esclarecimentos. “Vou pedir ao procurador que investigue minha vida. Se tiver alguma coisa, que ele me puna”, desafiou o pedetista, novamente dirigindo-se aos seus pares. “Não tenho nada a ver com isso, nada a esconder. Minha vida é limpa, clara, transparente.”
Antecipação
O líder do PDT na Câmara e presidente interino do partido, Vieira da Cunha (RS), elogiou a postura de antecipação de Paulinho em ir pessoalmente ao Ministério Público Federal pedir a quebra de sigilo. Para ele, isso demonstra que o líder da Força Sindical não teme as investigações.
Foi o que disse também o deputado oposicionista Carlos Sampaio (PSDB-SP), para que a atitude de Paulinho merece "aplauso". "A partir do momento em que ele abre as suas contas, demonstra que está querendo contribuir com a investigação, e que efetivamente não tem nenhum receio do resultado. Para um homem público, isso é muito positivo. Essa conduta dele eu aplaudo na medida em que evidencia o não receio da investigação", destacou o tucano.
Já o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reafirmou que encaminhará um levantamento de notícias sobre o assunto com menções a Paulinho para a corregedoria da Casa (leia). Para ele, isso não significa condenação ou inocência antecipada, mas uma incumbência natural do posto que ocupa. "Vou anexar seu discurso ao material", declarou Chinaglia. (Fábio Góis e Rodolfo Torres)
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