À frente do MDA, ele disse que trabalhará para que o princípio da função social da terra seja mais reconhecido, regulamentado e aplicado. Para o ministro, o dispositivo da Constituição está “na raiz das reformas que desafiam o pais: a reforma agrária e a urbana”. Para ele, o reconhecimento da função social da terra não implica negar o direito à propriedade, mas “adequá-lo aos outros direitos fundamentais, ao interesse público e integral do Brasil”.
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“É possível conciliar o interesse justo dos produtores rurais com o não menos justo interesse dos produtores familiares”, frisou Patrus Ananias. Apesar de prometer dialogar com os ministérios que tenham relação com a pasta do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias afirmou que não se pode ignorar ou negar a existência de desigualdades e injustiças. Isso, segundo ele, seria uma forma de perpetuar esses problemas. “Ignorar ou negar a existência da desigualdade e da injustiça é uma forma de perpetuá-los.”
O novo ministro classificou os direitos sociais como fundamentais. Em seu discurso exaltou as ações de combate à fome dos governos Lula e Dilma e considerou que o Brasil “seria menos justo” se não fossem essas políticas. “Sabemos que é um tema que desperta polêmica, encontra resistências. Por isso, a solução não depende apenas da vontade da presidenta Dilma e de seus ministros. Passa pelo Congresso Nacional, Poder Judiciário, Ministério Público e, sobretudo, pela sociedade, meios de comunicação e organizações sociais. No fim, é uma escolha feita pela própria sociedade.”
Patrus Ananias prometeu ainda ampliar os mecanismos de democracia participativa, ouvindo conselhos populares e conferências regionais, além de dialogar com movimentos sociais, associações e representantes religiosos. Ele acrescentou que dará continuidade e aprofundará ações já em andamento no MDA, como a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural que, segundo ele, consolidará a experiência do ministério no campo.
O ministro, que comandou a pasta do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula, assume o Ministério do Desenvolvimento Agrário no lugar de Miguel Rossetto, que comandará, no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Ao deixar o MDA, Rossetto fez uma balanço das ações do governo voltadas para o produtor familiar. De acordo com Rossetto, em 2003, foram executados R$ 2,3 bilhões no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o ano de 2014 terminou com R$ 22,3 bilhões aplicados na agricultura familiar.
“O Brasil tem produzido mais e melhor, com mais renda, mais desenvolvimento rural, mais inclusão, mais alimentos. São R$ 56 bilhões investidos em 3,6 milhões de contratos. Volume importantíssimo que traduz a aposta estratégica na capacidade de resposta dos agricultores familiares pelo Brasil afora”, disse Rossetto.
Ainda segundo o ex-ministro, nos últimos 12 anos, 796 mil famílias tiveram acesso à terra por meio da reforma agrária ou do crédito fundiário. “Mais de 3 milhões de brasileiros sem terra passaram a ter terra neste país. Nenhum [outro] país fez isso. Neste mandato de 2014, 121 mil famílias tiveram acesso a 3 milhões de hectares. Estamos falando em algo em torno de dois territórios do estado de São Paulo destinados ao povo brasileiro”, comparou Rossetto.
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