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No diálogo, Renan diz que a Força Sindical, liderada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), havia se comprometido a “usar sua máquina” em favor dos protestos contra Dilma. Conhecido como Paulinho da Força, o deputado é um dos principais aliados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e apontado como o principal articulador do processo de impeachment.
“O MBL acabou de fechar com o PSDB, DEM, e PMDB uma articulação para eles ajudarem, e também com a Força Sindical, que é o Paulinho, para divulgar o dia 13 usando as máquinas deles também. Enfim, usar uma força que a gente nunca teve, e foi o MBL que montou isso. A gente tá costurando com todos eles para ter o impeachment, a gente tá em outra, a gente realmente está causando problemas para a Dilma”, enfatiza Renan, segundo as gravações divulgadas com exclusividade pelo portal UOL, que não revelou nem a autoria nem as circunstâncias em que a conversa foi gravada.
Em nota enviada ao portal, o MBL confirmou a autenticidade do áudio e destacou que o comitê ligado às manifestações pró-impeachment contava com apoio das lideranças de várias legendas. “As manifestações não são do MBL. O 13 de Março pertence a todos os brasileiros, e nada mais natural que os partidos de oposição fossem convidados a usar suas redes de divulgação e militância para divulgar a data. Não houve nenhuma ajuda direcionada ao MBL. Pedimos apenas que divulgassem com toda energia possível. Creio que todos o fizeram”, diz a nota.
Segundo o Solidariedade, o apoio dado ao movimento se deu a partir de convocação de público para as manifestações, da colocação de carro de som nos eventos e da divulgação de atos nas redes sociais. O DEM confirmou a atuação em conjunto com o MBL, mas negou participação financeira. “O Democratas se uniu aos movimentos de rua em favor do impeachment. Não houve nenhum tipo de apoio financeiro, apenas uma união de forças com os movimentos de rua, dentre eles o MBL”, disse a legenda.
Procurado pelo Congresso em Foco, um dos líderes do MBL, Kim Kataguiri, disse que os acordo feitos com os partidos políticos não envolveram repasses de dinheiro. De acordo com ele, a aproximação dos movimentos com as legendas aconteceu pouco antes das manifestações de 13 de março e que o foco era contar com as bancadas para desconstruir o discurso de que o impeachment seria um “golpe” articulado por “vingança” do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Tudo foi feito publicamente, está tudo divulgado nas nossas páginas. Em momento nenhum recebemos dinheiro de partido político. Tudo o que a gente fez não é novidade nenhuma. A gente, de fato, pediu para que os partidos trabalhassem juntos na campanha do dia 13. A gente sempre divulgou e cobrou dos partidos políticos que participassem e se posicionassem a respeito do assunto”, esclarece Kim.
Patrocínio estatal
Grupos contra o impeachment também têm sido acusados de receber apoio financeiro para suas atividades. Tais críticas aumentaram desde o acirramento da disputa política, com os protestos de junho de 2013. Entidades como a Central Única dos Trabalhadores e a União Nacional dos Estudantes, historicamente ligadas à esquerda e a partidos como PT e PCdoB, são acusadas de patrocinar manifestações ilegítimas por meio do uso de dinheiro público.
A acusação sobre o patrocínio de movimentos sociais com dinheiro público, ou por meio da estrutura do governo federal, foi alvo inclusive de denúncia do líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, à Procuradoria-Geral da República. Como este site mostrou no início de abril, Caiado ajuizou representação contra a presidente Dilma, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra por incitação ao crime e prevaricação. Para fundamentar a ação, o senador usou uma fala do secretário da Contag, Aristides Santos, durante cerimônia no Planalto em 1º de abril. Na ocasião, quando foram assinados atos para a reforma agrária e comunidades quilombolas, Aristides defendeu Dilma, confrontou os ruralistas e ameaçou promover ocupação de terras para evitar o afastamento da presidente.
“A forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo. E é a Contag, é os movimentos sociais do campo que vão fazer isso. Ontem dizíamos na passeata: vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Porque se eles são capazes de incomodar um ministro do Supremo Tribunal Federal, nós vamos incomodar também as casas, as fazendas e as propriedades deles”, disse Aristides, lembrando protestos de rua feitos contra decisão do ministro Teori Zavascki, em 22 de março, ordenando ao juiz Sérgio Moro a remessa de todos os procedimentos investigatórios sobre o ex-presidente Lula ao Supremo.
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