Em jantar promovido para comemorar os 27 anos do PT, o presidente Lula pediu ontem (9) ao partido o fim da disputa interna, alegando que ela atrapalha mais que seus próprios adversários políticos.
“Por que a gente não sabe levantar as metralhadoras contra os nossos inimigos e atingimos os nossos próprios pés? Nós estamos nos triturando. Adoramos acertar a nós mesmos”, disse o presidente, de acordo com reportagem de Vera Rosa publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
Em tom de irritação, num discurso improvisado para 500 convidados, em Salvador, o presidente acusou os próprios petistas de alimentarem o noticiário negativo contra a legenda e o governo. “Dentro do PT, contribuímos para que acusações entre nós sejam mais fortes do que uma CPI. Fico me perguntando aonde queremos chegar”, reclamou. "Vamos fazer as nossas disputas, mas não vamos perder de vista quem são os inimigos, ou eles nos destruirão", ressaltou.
Entre os participantes do jantar, promovido num hotel da capital baiana, estava o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP). O deputado cassado ganhou aplausos dos convidados ao ser saudado pelo presidente.
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Guerra interna
Dirceu está no centro de uma guerra interna do PT. O Diretório Nacional do partido se reúne hoje, em meio à troca de acusações entre correntes internas. O grupo comandado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, lança oficialmente hoje a Mensagem ao Partido (leia mais), com críticas à hegemonia do Campo Majoritário, liderado pelo deputado cassado.
Ontem Tarso reagiu ao ataques do ex-ministro à sua proposta de refundar o partido. “O debate político não exige o suicídio de posições de ninguém”, disse. “Nunca fui liderado por José Dirceu”, completou.
“Falar em guerra com o ex-ministro da Casa Civil é uma tentativa de desqualificar posições e vulgarizar questões de fundo. Isso não pode ser tratado como uma contenda individual”, afirmou o ministro.
O grupo do ministro das Relações Institucionais acabou recuando diante das críticas de Dirceu ao documento. Expressões como “corrupção ética e programática” do PT e “refundação” foram retiradas do texto.
Tarso afirmou não ter sido o responsável pela inclusão da referência à corrupção e muito menos por sua retirada. “As posições do nosso documento não ficaram prejudicadas por causa da retirada dessa palavra.”
O ministro não quis comentar a proposta de anistia para José Dirceu, lançada oficialmente esta semana pela Juventude do PT. “Não posso me manifestar porque minha posição se confunde com a posição de governo”, declarou.
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