O presidente Lula disse hoje (1), em Roma, que o Brasil irá firmar posição frente aos demais países sobre a utilização dos combustíveis alternativos. Lula, que chegou à capital italiana ontem (31), deve participar na próxima terça-feira (3) da Conferência da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação] sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia.
"Esse encontro que a FAO está promovendo será uma grande oportunidade para que o Brasil possa dar seqüência ao grande debate que vamos ter no mundo sobre a questão de combustíveis alternativos para as próximas décadas. Estamos convencidos de que o mundo pode relutar, mas vai ter de assumir a responsabilidade de usar outros combustíveis", avaliou Lula em entrevista na Embaixada do Brasil em Roma, onde se encontrará amanhã (2) com a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e o secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Durante a coletiva de imprensa, Lula também criticou os argumentos de alguns países de que a produção de biocombustível pode afetar a de alimento.
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"A experiência brasileira mostra ao mundo que nós aumentamos a área de produção de alimentos ao mesmo tempo em que aumentamos a produção de biocombustível", afirmou. "Estranhamente as pessoas não discute o preço de petróleo. Estranhamente você no ouve debates sobre a incidência do custo do petróleo no transporte de alimentos no mundo inteiro. Esse debate não é feito pelo chamado mundo desenvolvido", criticou.
Para Lula, o uso dos biocombustíveis pode ser a grande chance para os africanos, uma vez que o clima da África é semelhante ao do Centro-Oeste do Brasil. De olho no potencial africano, Lula reiterou que pretende exportar tecnologia para os países do continente, assim como para os do Caribe e da América do Sul.
Na Conferência da FAO, o presidente brasileiro também deve criticar os países que por meio de subsídios criam barreira para os produtos brasileiros.
Segundo os organizadores da Conferência, o encontro, que contará com a presença de dezenas de chefes de Estado, tem como finalidade criar um espaço para a comunidade internacional discutir e criar soluções duráveis à crise alimentar, identificando políticas, estratégias e programas necessário para garantir a segurança alimentar mundial, no curto e longo prazo.
“Hoje cerca de 850 milhões de pessoas no mundo passam fome, entre eles, quase 820 milhões vivem em países em desenvolvimento que serão sem dúvida os mais afetados pelos efeitos das mudanças climáticas. Os governos, as organizações internacionais, a sociedade civil, o setor privado e outros atores devem trabalhar para encarar esse desafio e para elaborar estratégias e respostas mais apropriadas”, ressalta em nota a FAO. (Erich Decat)
Ouça a íntegra da entrevista do presidente Lula
Matéria atualizada às 13h58 de 01/06/2008
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