Envolvido no episódio da violação da conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci falou secretamente esta tarde com a Polícia Federal e, em seguida, foi indiciado no inquérito que investiga os responsáveis por quebra de sigilo bancário. Segundo José Roberto Batocchio, advogado do ex-ministro, Palocci depôs em casa, no Lago Sul, em Brasília, por ter problemas cardíacos, e negou à PF que tenha participado na violação dos dados do caseiro.
“O ministro nega veementemente a quebra de sigilo e nega que em algum momento passou qualquer informação acerca do extrato do caseiro Francenildo Costa”, disse Batochio, numa coletiva de imprensa encerrada há pouco. O advogado, ex-presidente da Ordem do Brasil (OAB), considerou “injusta” o indiciamento de Palocci.
O depoimento-secreto do ex-ministro estava previsto para ocorrer somente amanhã.
Palocci é suspeito de ter ordenado ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso a quebra do sigilo do caseiro. A violação ocorreu logo depois que ele desmentiu Palocci na CPI dos Bingos. Francenildo disse ter visto Palocci numa casa alugada em Brasília pelos ex-assessores de Ribeirão Preto (SP) para negociatas com lobistas e festas com prostitutas.
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A violação da conta do caseiro mostrou o recebimento de depósitos no valor de R$ 25 mil na conta dele. Os dados da movimentação financeira – repassados para a revista Época – foram usados pelos governistas para sugerir que o depoimento de Francenildo teria sido comprado pela oposição.
Na coletiva, Batocchio disse que, quando Palocci recebeu o extrato bancário do caseiro o então presidente da Caixa teria ido à casa de Palocci para concluir uma reunião, que fora interrompida anteriormente por problemas de agenda do então ministro. O assunto seria a expansão da rede bancária da Caixa para os Estados Unidos e o Japão.
No encontro, porém, Mattoso teria levado também o extrato do caseiro e entregue a Palocci que, segundo Battochio, recusou-se a analisar imediatamente. Segundo o advogado, o ex-ministro leu o documento posteriormente e destruiu os extratos num triturador de papel.
Battochio disse que Palocci não sabe quem vazou os dados para a imprensa, pois os extratos passaram pelas mãos de “meia dúzia” de funcionários, somente na Caixa. Questionado se o repassador dos dados teria sido Marcelo Netto, ex-assessor de imprensa do ministro, disse: “Prefiro não fazer julgamento”.
A PF tentou intimar Palocci a depor na semana passada, mas, na última sexta-feira, o ex-ministro apresentou um atestado médico de quatro dias para não depor. Ontem, a PF já havia informado que já há “elementos suficientes” para indiciar o ex-ministro pela quebra do sigilo bancário de Francenildo.
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