O ex-ministro Antonio Palocci foi preso temporariamente, por cinco dias, na manhã desta segunda-feira (26), pela Polícia Federal na 35ª fase da Operação Lava Jato. Ao todo, são cumpridos 45 mandados judiciais no Distrito Federal e em seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. São investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Nesta fase são apurados indícios de relação criminosa entre Palocci e a direção da Odebrecht. Os investigadores suspeitam de que o ex-ministro da Fazenda, no governo Lula, e da Casa Civil, na gestão Dilma, atuou de forma direta para favorecer a maior empreiteira do país. Entre os mandados da operação, 27 são de busca e apreensão, três de prisão temporária e 15 de condução coercitiva. A etapa foi batizada de Omertà, palavra de origem napolitana que define um código de honra de organizações mafiosas do Sul da Itália.
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Palocci entrou no alvo da Lava Jato após ter sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. De acordo com o delator, o doleiro Alberto Youssef lhe contou que Palocci pediu R$ 2 milhões da cota de propinas do PP para a campanha da ex-presidente Dilma.
A nova fase da Lava Jato também mira acordo entre o grupo Odebrecht e o ex-ministro para tentar aprovar mudanças na MP 460/2009. Conforme a Polícia Federal, essas alterações resultariam em imensos benefícios fiscais, aumento da linha de crédito junto ao BNDES para um país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais, além de interferência em licitações da Petrobras para a compra de 21 navios-sonda para exploração da camada pré-sal.
Ontem o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, antecipou em um evento de campanha eleitoral em Ribeirão Preto (SP) que haveria nova etapa da Lava Jato. ”Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, declarou em encontro com representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que se destacou na organização de manifestações pró-impeachment.
A fala de Alexandre de Moraes sobre a Lava Jato logo repercutiu entre parlamentares, que se manifestaram nas redes sociais. Em sua conta no Twitter, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) sugeriu que a autonomia da PF estaria comprometida na gestão de Moraes. “Min da Justiça sabe agora com antecedência as operações da PF na Lava Jato? Pode isso? Cadê a autonomia da PF? Só funcionou com Dilma e Lula”, escreveu a senadora. “PF, MP, Moro devem explicações s/ esse ‘conhecimento’ do ministro da Lava Jato. Imagina se fosse Zé Eduardo ou Aragão que dissessem isso?!”, continuou Gleisi. “Pra completar o Ministro da Justiça ainda divulga a operação policial, que deveria ser sigilosa, em palanque eleitoral do PSDB”, concluiu.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) também se manifestou sobre o fato na rede social. “Descarada ameaça do Ministro da Justiça revela seletividade criminosa da lava jato. Golpistas usam PF para #BocaDeUrna contra o PT”, escreveu o deputado.
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