|
Edson Sardinha |
Em um ano e meio de governo Lula, o senador Paulo Paim (PT-RS) passou de referência histórica do partido à condição de estranho no ninho petista. Com a fala pontuada, a língua ferina e a memória aguçada, o vice-presidente do Senado confessa ao Congresso em Foco que é um homem arrependido de ter dado crédito ao Palácio do Planalto na votação da reforma previdenciária. Segundo Paim, o governo perdeu a confiança da base aliada e da oposição no Senado ao “enganar” os senadores com a promessa de acelerar a votação da chamada emenda paralela da Previdência. “Nós fomos enganados. Se o Planalto não tivesse assumido o compromisso de votar a PEC paralela, teríamos votado contra e o governo teria perdido no primeiro ou no segundo turno. Como disse o senador Simon, deram-nos um passa-moleque”, diz. Leia também A PEC paralela foi costurada pelos líderes partidários no Senado e pelo governo para arrebanhar votos para o texto principal, promulgado em dezembro passado. Na emenda paralela, foram incluídos pontos considerados prioritários para os servidores públicos, como a definição das regras de transição e do subteto do funcionalismo e a paridade para os trabalhadores da ativa e os inativos. Seis meses depois, a proposta finalmente entra na pauta de votações do Plenário da Câmara e pode ser aprovada hoje, antes do início do recesso de julho. Se não for votada, fica para agosto. Nesta entrevista exclusiva, Paim critica os líderes governistas no Congresso por não se empenharem na votação da PEC paralela e acusa o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) de promover retaliações a projetos de sua autoria. Paim responsabiliza o líder do governo no Senado pela demora na votação de proposições como o Estatuto da Igualdade Racial e o Estatuto do Deficiente Físico, ambos propostos pelo petista gaúcho. Mercadante, por meio de sua assessoria, não quis comentar as declarações. Um dos punidos pelo PT por ter votado contra a medida provisória que reajustou de R$ 240 para R$ 260 o salário mínimo, ele admite que a sua situação no partido é quase insustentável. Por causa do gesto de “rebeldia”, a Executiva Nacional do PT puniu, além de Paim, nove deputados e os senadores Serys Slhessarenko (MT) e Flávio Arns (PR). Eles estão suspensos por tempo indeterminado das funções de representação de bancada e de partido, dentro e fora do Congresso. Segundo ele, a Executiva não se deu sequer ao trabalho de informá-lo sobre a punição. “Estou sendo chamado para fazer campanha em todo o Brasil. Será que posso ir lá e defender o governo do PT ou não?”, questiona. Na opinião dele, o partido será o principal derrotado nas urnas em outubro. “Nestas eleições o governo pode sair mais ou menos, mas quem sairá mal é o PT. O governo é uma coisa mais ampla, o PT será o grande prejudicado, principalmente nos grandes centros”, prevê. |
Deixe um comentário