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Pagot disse que foi procurado em 2010 pelo então tesoureiro da campanha, o hoje deputado José de Filippi Júnior (PT-SP). Na conversa, Pagot mostrou a Filippi uma lista de 369 empresas que tinham contrato com o órgão na época. O tesoureiro pediu, então, que Pagot escolhesse de 30 a 40 empresas para que contribuíssem com a campanha presidencial. “Não se preocupe com as maiores, que isso é assunto do comando da campanha, mas se você puder procurar umas 30, 40, peça para fazer doação na conta de campanha”, relatou Pagot sobre o que ouviu de Filippi.
“Procurei [as empresas], e não estava praticando nenhuma irregularidade, não associei a nenhum ato administrativo no Dnit, e não estabeleci percentuais. Algumas empresas encaminharam para mim um boleto demonstrando que tinham feito a doação, legalmente, na conta de campanha”, explicou aos parlamentares.
Pagot disse ainda que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o procurou em 2010 para angariar recursos para sua campanha ao governo de Santa Catarina. Na época, Ideli era senadora. “Ela disse: sou candidata e preciso que me indique empresas para buscar recursos. Ela não me pediu para fazer arrecadação. Então eu disse para ela: eu não posso, não devo e não vou fazer isso. […] Com certeza ela ficou injuriada naquele momento”, disse.
“Conversa de bêbado”
O ex-diretor do Dnit minimizou as acusações que, segundo a revista IstoÉ, ele havia feito em relação ao desvio de recursos públicos envolvendo o PSDB em São Paulo. “Depois que eu tinha negado o aditivo [para uma obra do rodoanel em São Paulo], no final de 2010, estava almoçando no restaurante Francisco e um conhecido meu que trabalha em uma empresa me advertiu que o aditivo tinha finalidade de contribuir com as campanhas de Serra, Alckmin e Kassab. Ao dizer isso para um repórter, eu ressaltei que era uma conversa de bêbado em botequim, que não dava para provar. Posteriormente, o repórter usou as palavras que quis e não as que eu disse”, afirmou.
Segundo edição da primeira semana de junho da revista, Pagot acusou o PSDB de desviar recursos das obras do trecho sul do Rodoanel, em São Paulo, para financiar a campanha presidencial de José Serra em 2010.
No depoimento à CPI, Pagot contou que só conheceu em 2008 o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, então diretor da Dersa, companhia paulista que cuida das estradas. O encontro foi em reunião convocada para tratar das obras do eixo sul do Rodoanel de São Paulo. Ele informou ainda, que depois desse primeiro encontro, houve outra reunião com engenheiros da Dersa, que garantiram que o custo total da obra seria de R$ 3,6 bilhões. A união participou, segundo Pagot, com um terço desse valor.
Nesse convênio, o ex-diretor do Dnit disse que Paulo Preto forçou a mudança na forma de contratação das empreiteiras. Pagot disse que estranhou a insistência do diretor da Dersa e afirmou ter sido contrário às mudanças. No entanto, na parte final da execução das obras, a Dersa encaminhou ao Dnit uma reivindicação de aditivo de R$ 264 milhões. “Eles apresentaram páginas e páginas de justificativa, como problemas ambientais, melhoria de acessos”, disse. “Fui contrário. Então, o aditivo não foi assinado”.
Pagot justificou sua ação pelo tipo de contrato, chamado de “empreitada global”, e garantiu que teve apoio da Advocacia-Geral da União para não assinar o ato. “Essa reivindicação, eu de pronto me posicionei contrário, já que tínhamos assinado contrato de empreitada global, que nós tínhamos conversado com o TCU. Isso se representava uma temeridade, fazer qualquer aditivo em cima desse contrato”, declarou. Segundo ele, o Dnit “não desembolsou nenhum centavo a mais que o R$ 1,2 bilhão previsto inicialmente”. O ex-diretor do Dnit disse ainda que não sabe se os recursos adicionais foram desembolsados, pois saiu pouco depois do órgão.
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