Apontado como membro do “quadrilhão do PMDB” e alvo da Operação Lava Jato, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quarta-feira (29) que o PSDB não faz mais parte da base aliada do presidente Michel Temer (PMDB). A declaração de Padilha, denunciado por organização criminosa no processo que tem Temer como protagonista, vem a público no dia seguinte à advertência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sobre o anunciado desembarque tucano do governo.
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“O PSDB não está mais na base do governo. Nós vamos fazer de tudo para manter a base de sustentação do governo e o projeto único de poder para 2018. O PSDB já disse que ia sair e os jornais hoje estão dizendo”, afirmou Padilha, em evento do governo realizado mais cedo em Brasília.
A fala de Padilha foi vista por interlocutores de Temer como precipitada, já que o presidente havia marcado um encontro com Geraldo Alckmin para tratar do assunto. Além disso, o anúncio sobre a decisão do desembarque já estava previsto para o próximo dia 9 de dezembro, data da convenção nacional do PSDB. De acordo com o ministro, no entanto, os ministros do partido podem ser mantidos no governo mesmo na iminência do fim da aliança. Padilha lembrou, obviamente, que a decisão da troca cabe a Temer.
O fim da aliança com o PSDB preocupa o governo. Com 46 deputados e influência decisória em partidos como o DEM (29 representantes), os tucanos têm adotado o discurso de apoio à pauta reformista de Temer, inclusive à principal delas, a previdenciária – o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já avisou que, sem o voto dos tucanos, é “quase impossível chegar a 308 votos [para aprovar a reforma da Previdência], se não impossível”. Mas, no contexto da briga por espaço e à medida que as eleições de 2018 se aproximam, a teoria pode ceder à prática na hora do voto em plenário. Para aprovar as mudanças no sistema previdenciário, além do quórum qualificado de votos, são necessários dois turnos de votação da proposta tanto na Câmara quanto no Senado, onde são exigidos 54 votos.
Pressão do centrão
Atualmente, três tucanos ocupam pastas no governo: os ministros Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo/articulação parlamentar), Aloysio Nunes (Relações Exteriores/Itamaraty) e Luislinda Valois (Direitos Humanos). Em meio ao aguçamento da crise interna da legenda, dividida entre os pró e os contra a parceria com Temer, Bruno Araújo comunicou ao presidente, por meio de carta de exoneração divulgada em 13 de novembro, sua saída do Ministério das Cidades.
Pesa contra Temer a pressão do chamado “centrão” na Câmara, , conglomerado de bancadas que reúne mais de 200 deputados. O grupo exige que o peemedebista redistribua ministérios entre partidos mais fiéis que o PSDB – que, na votação das duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, viu metade de seus membros optar pelo prosseguimento das investigações.
A reforma ministerial, que chegou a ser anunciada para dezembro à medida que os tucanos batem em revoada, por ora consistiu apenas na colocação do deputado Alexandre Baldy (GO), que está de saída do Podemos (ex-PTN) para o PP. Além do Partido Progressista, partidos como PR, PP, Solidariedade e PTB almejam (e pressionam por) vagas que venham a ser abertas pelo PSDB nos ministérios.
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