Roseann Kennedy*
A presidente eleita se emocionou, chorou, brincou, mas também passou seus recados aos integrantes do Diretório Nacional do PT. Em encontro em Brasília, nesta sexta-feira, Dilma Rousseff falou que estava recebendo uma herança bendita, que precisa inovar para ir além do Governo Lula e destacou, a todo momento, que para isso precisa de aliança política.
É aí que a porca torce o rabo. Por falar em suínos, vamos voltar mais abaixo à história dos “três porquinhos”, o triunvirato de Dilma.Voltando ao imbróglio da ampla aliança que pretende consolidar, Dilma fez um apelo para seu partido agir com maturidade política e entender os complexos desafios do poder. Tradução: “PT, não faça confusão por espaço, precisamos acomodar as outras legendas e garantir uma coligação que nos permita consolidar a base de apoio no Congresso”.
Existe toda uma disputa para ocupação dos ministérios, principalmente entre PT e PMDB, e há também os pedidos das outras legendas. Portanto, já há uma relação muito complexa a resolver com os aliados e pedido como o que Dilma fez só pode ser direcionado ao próprio partido.
É por isso que ela fala que terá dependência do Partido dos Trabalhadores para ter um bom desempenho no Governo. É como se dissesse: vale a pena abrir mão de espaço na Esplanada dos Ministérios neste momento para tentar continuar a trajetória iniciada em 2002.
A candidata tem tanta certeza do que está falando que argumenta que o PT já elegeu um metalúrgico e uma mulher porque conseguiu a tal maturidade política.
No discurso cheio de agradecimentos, Dilma Rousseff citou nominalmente seus três coordenadores de campanha, José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci. No ambiente político, a mensagem foi entendida como um recado de que eles terão papel importante em sua gestão.
Para Cardozo e Palocci, fala-se nos bastidores na conquista de um ministério. Dutra, que é suplente de senador, poderá conseguir a vaga de titular. O PT já demonstra disposição de abrir mão de espaço na Esplanada dos Ministérios, se garantir uma pasta para o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), abrindo o espaço para o presidente do PT no Senado.
A proximidade entre eles é tanta que ganharam o apelido de “três porquinhos”. Inicalmente, o codinome foi dado nos bastidores pelos peemedebistas, como forma de protesto porque não conseguiam espaço na coordenação de campanha que estava exclusivamente na mão dos três petistas. Mas quando Dilma soube da história, adotou e passou a usar o tratamento de forma carinhosa e, segundo ela prática, porque era mais fácil perguntar “onde estão os três porquinhos” do que, toda vez, indagar onde estavam Palocci, Dutra e Cardozo. Resultado, os integrantes do PMDB não devem ter se divertido muito com isso, porque de jocozo o apelido passou a simpático.
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*Comentarista política da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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