O ministro do Esporte, Orlando Silva, está neste momento reunido com a presidenta Dilma Rousseff. É a primeira vez que os dois conversam desde que a revista Veja publicou, na edição desta semana, acusações de que Orlando recebeu propina desviada do Programa Segundo Tempo, do ministério. Ainda que, até o momento, não tenham aparecido as provas da acusação, feita pelo policial militar, João Dias Ferreira, a expectativa na cúpula do PCdoB, enquanto acontecia a reunião, é de que Orlando Silva deverá mesmo sair do cargo.
João Dias acusa Orlando Silva de ter recebido dinheiro desviado do programa na garagem do ministério. O PM é dono de duas ONGs que firmaram convênio com o Ministério do Esporte e ficaram inadimplentes por conta de irregularidades. O governo abriu ações contra João Dias para reaver o dinheiro. O PM já foi ligado ao PCdoB, e aproximou-se do ministério no tempo em que o ministro era o hoje governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
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Esta semana, João Dias declarou ter um vídeo e gravações que comprovariam a acusação que fez contra Orlando Silva. Desde a quarta-feira (19), o Palácio do Planalto já tinha informações de que tais gravações seriam divulgadas no fim de semana. Sabia que Orlando Silva não aparece diretamente em nenhuma delas, mas não sabia ainda o que os interlocutores diziam nas fitas. Se havia ou não menção direta a Orlando Silva, o que poderia agravar a sua situação. Especula-se que, a essa altura, o Palácio já tenha mais informações sobre o conteúdo das gravações.
O problema de Orlando Silva é que a avaliação sobre a sua permanência pode extrapolar a questão específica da acusação feita por João Dias. Já há muito tempo, a Controladoria Geral da União vem investigando os convênios feitos por ministérios com ONGs e já detectou várias irregularidades, especialmente nos Ministérios do Turismo e do Esporte. Por conta das investigações da CGU, inclusive, já foram tomadas pela presidenta medidas para endurecer os critérios para os convênios. Antes mesmo de chegar da África, Dilma já havia solicitado à CGU um relatório completo de todas as irregularidades e problemas encontrados no caso específico dos convênios firmados no Ministério do Esporte. Antes de receber Orlando Silva, Dilma analisou essa documentação.
No PCdoB, a expectativa era da queda de Orlando Silva. O partido, porém, ainda não tinha ideia se isso significará também a retirada do PCdoB da área do Esporte. Com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o partido virou alvo de cobiça de outros partidos. Se a pasta permanecer com os comunistas, três nomes estão sendo especulados: a ex-prefeita de Olinda Luciana Santos, o deputado Aldo Rebelo (SP) e a deputada Manuela D’Ávila (RS).
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