O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), anunciou na tarde desta quinta-feira (3) que a oposição pretende incluir novas provas contra a presidente Dilma Rousseff ao processo de impeachment já deferido na Câmara. De acordo com informações da bancada, o complemento vai incluir as denúncias do senador Delcídio do Amaral, publicadas na revista IstoÉ nesta manhã. A publicação afirma que Dilma Rousseff atuou diretamente para barrar o andamento da operação Lava Jato.
Após a divulgação das informações, líderes oposicionistas realizaram uma reunião para decidir como prosseguir em relação às denúncias. O aditamento deve ser entregue na próxima segunda-feira (7) com as assinaturas de Hélio Bicudo, Miguel Reali Jr e Janaína Paschoal, advogados autores do processo de impeachment acatado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A decisão foi unânime.
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“[…] Com essas denúncias que são gravíssimas, fica caracterizada a ingerência da presidente da República, crime claro que impede sua continuidade à frente do governo. É possível fazer o aditamento ao processo já aceito pela Câmara porque ainda não houve defesa prévia da presidente Dilma”, explica a nota. Por não ter apresentado a defesa prévia, a presidente da República não estaria perdendo nenhuma prerrogativa. A bancada pondera que, “por questão de celeridade”, o aditamento das denúncias é a melhor opção.
“Temos que reconhecer que a delação do senador Delcídio, o principal representante do governo no parlamento, sinalizou para tudo aquilo que se suspeitava mas que ainda não havia um relato tão claro e influente. Dilma não pode ficar nem mais um minuto na Presidência. E a Justiça precisa agir no caso de Lula, que participou da mesma obstrução às investigações que levou à prisão do senador”, defendeu Caiado.
Já o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que a eventual confirmação da delação feita por Delcídio representará o “fundo do poço” para o país. “São afirmativas extremamente graves que dizem respeito às instituições do país, ultrapassando o debate político entre oposição e governo. Se confirmadas, merecerão por parte dos brasileiros indignação e repúdio”, disse Aécio, por meio das redes sociais.
Impossibilidade
No entanto, o recém-nomeado ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, já declarou que é impossível aditar o pedido de impeachment com novas denúncias. “Um aditamento numa fase posterior inquinaria de vício insanável o procedimento. A vida nos ensina que cada dia deve ser vivido na sua intensidade, com os seus problemas. Não sei nem se existe essa delação”, disse o ministro. Cardozo será o responsável por conduzir a defesa de Dilma no processo que pode resultar no seu afastamento da Presidência.
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