Caso fosse presidir a sessão do Congresso Nacional que votará a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) hoje (11), Renan Calheiros (PMDB-AL) iria ver da Mesa Diretora vários cartões vermelhos.
Essa era uma das táticas que a oposição tinha preparado para protestar contra a sua permanência no cargo. No futebol, o jogador que recebe o cartão vermelho é expulso do jogo.
Foram preparados mais de 100 cartões, que seriam empunhados no plenário da Câmara, onde ocorrerá a votação da LDO. Isso sem falar nos discursos, e logo vem à mente aquele que o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) fez contra Severino Cavalcanti (PP-PE), então presidente da Câmara, que simbolizou o início de sua queda.
O mesmo Gabeira, bastante calmo, narrou hoje o seu encontro, ao lado do líder do Psol na Câmara, Chico Alencar (RJ), com os emissários de Renan, o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE). Foram os dois últimos que comunicaram que Renan Calheiros não iria comandar a votação da LDO.
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Fraquezas
“O encontro foi um avanço na inteligência política. A decisão foi sensata, tanto para a aprovação da LDO quanto para o Congresso. Assim, não há muito desgaste”, contou. Gabeira também garantiu que não fará protestos contra o presidente do Congresso, mas avalia que sua ausência é um claro sinal de que ele não tem mais condições de presidir o Parlamento. “Sem ele, as coisas correrm normalmente”.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) fez o mesmo raciocínio, apesar de um pouco mais ácido. “É uma fuga. É como se ele dissesse: ‘Não tenho condições de presidir o Congresso Nacional’. Se ele não tem condições de presidir o Congresso, também não tem de presidir o Senado”, declarou.
Espertezas
Para o senador Romeu Tuma (DEM-SP), a decisão de Renan é “estritamente pessoal”. “Esse é um problema dele”, limitou-se a dizer.
Ideli Salvatti (SC), líder do PT no Senado, também preferiu contemporizar o fato do presidente do Congresso não presidir a sessão. “Foi uma conveniência para se votar a LDO. O que importa é aprovar a lei e não repetir como no ano passado, quando aprovamos apenas no final do ano”, disse.
Já o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), um dos aliados de Renan Calheiros, perguntou, quando foi indagado se a ausência dele não demonstraria fraqueza política: “Você quer o quê? Fraqueza política é ele ir para o confronto. O que existe é um jogo político pela cadeira em que ele está sentado”. (Lucas Ferraz)
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