Lideranças da oposição se reúnem no início desta tarde para discutir uma estratégia conjunta para a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), prevista para esta quarta-feira (2). Faltando um dia para a deliberação, os oposicionistas ainda estão divididos: um grupo defende que não se registre voto para forçar o adiamento da decisão por falta de quórum; outro quer votar logo a denúncia para expor publicamente os parlamentares governistas. A votação só poderá ser iniciada se 342 deputados estiverem presentes no plenário.
A primeira posição é defendida, sobretudo, por parlamentares do Psol e da Rede. Já a segunda é apoiada por parte das bancadas do PT, do PDT, do PSB e do PCdoB. As duas primeiras entendem que protelar a decisão é a melhor saída: empurrando-se o caso, acreditam, crescerá a pressão sobre os deputados governistas e o próprio presidente. Nesse intervalo, o procurador-geral da República poderá apresentar nova denúncia contra Temer, apostam.
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Para integrantes de outros partidos governistas, é melhor votar logo o pedido para aumentar o desgaste da base aliada, com a divulgação dos votos de cada deputado, de modo a abrir terreno para a votação da próxima denúncia. A Procuradoria-Geral da República, que denunciou Temer por corrupção passiva, estuda apresentar novo pedido de ação penal contra o presidente por obstrução da Justiça e organização criminosa com base nas delações da JBS. Já os governistas defendem votação imediata da denúncia para tentar reduzir a carga contra Temer. Eles alegam que têm mais que os 172 necessários para salvar o peemedebista.
Um dos líderes da oposição, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) divulgou vídeo em que faz um apelo aos colegas para que não registrem presença na sessão de amanhã, forçando o adiamento da votação. “Nós não devemos marcar presença, porque na hora que a gente não marca a presença, não vai dar quórum, e aí não vota, fica para a próxima semana, a gente não dá quórum de novo, e assim por diante”, defendeu. Segundo ele, nesse intervalo, novas revelações sobre o envolvimento do presidente com irregularidades podem vir à tona, ampliando o cerco contra o presidente.
Reportagem publicada no site da revista Época nesta terça-feira informa que o então vice-presidente Michel Temer autorizou o lobista da JBS, Ricardo Saud, a entregar R$ 3 milhões em dinheiro vivo ao agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião os dois peemedebistas eram aliados. Segundo a revista, o valor foi descontado dos R$ 15 milhões que Temer receberia da empresa naquela eleição, por solicitação do PT, como parte do pagamento de propina da JBS em troca de favorecimento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em nota, a assessoria de imprensa do presidente usou tom duro para rebater as declarações de Ricardo Saud citadas por Época: “A quadrilha comandada pelo bandido Joesley Batista fabrica em profusão versões e planilhas. O presidente nunca teve ‘crédito’ junto às empresas do meliante da Friboi. Nem autorizou transferências a outros parlamentares. A conversa com o capanga é absolutamente ficção barata. O vazamento dessa nova versão tem o claro interesse de tentar influenciar na votação da Câmara dos Deputados”.
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