A Polícia Federal desencadeou, na manhã desta sexta-feira (20), uma operação para desarticular uma quadrilha que praticava, há cerca de 10 anos, fraudes cartorárias, grilagem de terras, crimes contra o sistema financeiro e corrupção de servidores públicos.
Cerca de 200 policiais federais cumprem neste momento 33 mandatos de prisão e 38 de busca e apreensão em São Paulo, Goiás e Mato Grosso. A investigação foi batizada de "Operação Lacraia" e é fruto de uma ação integrada da PF com o Ministério Público.
Entre os presos está uma servidora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A PF não confirma a informação, mas, segundo a Agência Brasil, há magistrados entre os acusados.
Os policiais começaram a apurar o caso há cerca de nove meses e encontraram um esquema de fraudes que funcionava dentro do Cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis, Notas e Protestos da Comarca de Barra do Garças, além dos cartórios de Água Boa (MT) e Baliza (GO).
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Segundo a PF, o grupo falsificava e forjava registros e títulos de propriedades rurais que posteriormente eram usados na obtenção de empréstimos e financiamentos bancários.
Fraude
Com a colaboração de tabeliães e funcionários dos cartórios, a quadrilha alterava documentos originais, montava registros falsos e duplicava lavraturas. Os fraudadores também utilizavam scanners para copiar assinaturas de terceiros. Depois de prontos, os papéis eram envelhecidos em fornos microondas.
Em média, cada documento era negociado por 5 mil reais, mas, em alguns casos, os papéis chegaram a valer R$ 40 mil. Os pagamentos eram feitos por meio de depósitos em contas de laranjas.
As escrituras das terras, que na maioria eram de propriedade da União ou não existiam fisicamente, eram dadas como garantia na obtenção de empréstimos bancários. Em uma das fraudes, a quadrilha, além do registro falso, obteve certidões que comprovariam a produtividade da fazenda e deslocou um rebanho de 100 cabeças de gado até a área para garantir que o auditor do banco autorizasse a realização do financiamento.
A operação acontece nas cidades de Barra do Garças e Água Boa (MT); Aragarças, Baliza e Jataí (GO); Mirante do Paranapanema e São José do Rio Preto (SP). As buscas em residências e escritórios servirão para a apreensão de documentos e outros materiais que comprovem a prática dos crimes. Além das prisões e buscas, a Justiça Federal autorizou também quebras de sigilo bancário e fiscal e o seqüestro de bens dos suspeitos.
Os presos devem ser indiciados por grilagem de terras, formação de quadrilha, crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, entre outros. Todos os detidos serão levados para a Cadeia Pública de Barra do Garças. (Carol Ferrare)
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