A segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) finalizado na noite de ontem (5) pela Organização das Nações Unidas (ONU) destacou os efeitos para a saúde das mudanças climáticas. A falta de estudos brasileiros sobre o tema, no entanto, prejudicou a avaliação dos cientistas, que não puderam fazer uma projeção específica para o País de como o clima afetará a saúde pública.
“O IPCC não faz pesquisas. É uma reunião de cientistas que discutem resultados já existentes. O problema é que a maioria das pesquisas na área de saúde são feitas no Hemisfério Norte, pelos países que têm mais recursos”, disse o médico brasileiro Ulisses Confalonieri à BBC.
Ele foi o coordenador do capítulo dedicado à saúde humana no painel e afirmou que só agora a América do Sul está começando a colher esse tipo de dados.
O Brasil é considerado um dos mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima pelo tamanho do território e da população, e pela grande desigualdade social. “Tudo isso enquadra a população brasileira na definição do IPCC, que considera mais vulneráveis as populações que não têm meio de se adaptar às mudanças. Essas populações de baixa renda”, explicou o médico brasileiro.
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A partir de projeções globais, os estudiosos previram que a diarréia será um dos maiores problemas causados pela mudança ambiental para o Brasil.
Extinção
Na conferência que reuniu mais de 120 países, as conclusões não foram nada otimistas. O documento, que terá um texto final de 1.500 páginas, prevê que 30% das espécies do planeta irão desaparecer caso o a média de aquecimento global seja maior que a de duas década atrás.
Para este século, a previsão do relatório é que as temperaturas aumentarão entre 1,8ºC e 4ºC, e que a África será o país mais atingido pelas mudanças climáticas.
De acordo com o relatório, as áreas que já sofrem com a escassez de água ficaram ainda mais secas, e os riscos de enchentes, tempestades e erosão serão aumentados nas demais regiões.
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